Transição para o Além
Revista Mente e Cérebro
Edição 172 – Maio 2007
De onde vêm as estranhas imagens e sensações de “transição para o Além”? Pesquisadores acreditam que, ao se defrontar com o próprio fim, nosso cérebro recorre a estratégias de defesa, produzindo sensações que tornam esse momento menos assustador.
Por: Detlef B. Linke
“Pena que vocês me trouxeram de volta, o lugar onde eu estava era tão bonito!”, disse a mulher após ser “ressuscitada”. Pacientes que tiveram parada cardíaca, vítimas de afogamento ou pessoas que tentaram suicídio e passaram pela experiência de chegar ao limiar da morte dizem ter se sentido como numa viagem para o Além. Embora detalhes desse tipo de vivência e emoções despertadas por essas experiências variem caso a caso, estudos científicos mostram que alguns elementos característicos dessas situações sempre se repetem: quase que invariavelmente pessoas que “retornaram à vida” relatam sentimentos de leveza, paz, felicidade. Também se referem à impressão de abandonar o próprio corpo e observar a si mesmas da perspectiva externa.
Muitos dos pacientes que se aproximaram da morte dizem ter passado por uma espécie de zona de transição – quase sempre um túnel ou uma espécie de portal. Do outro lado, há uma luz clara e quente que os atrai de maneira irresistível e provoca um turbilhão de sentimentos positivos; às vezes também é possível ver paisagens paradisíacas. Às vezes, encontram seres iluminados ou parentes falecidos com os quais é possível uma comunicação sem palavras. As fronteiras entre o eu e o ambiente parecem se diluir e surge um sentimento de unidade com o Universo.
No final, porém, a experiência é abruptamente interrompida: aqueles que se imaginavam a caminho de outro mundo são arrancados de lá e percebem, em geral decepcionados, que continuam em seu corpo. Aproximadamente um terço dos que se aproximaram da morte, ou pelo menos acreditaram nisso, se lembram de experiências desse tipo. Mas talvez não sejam apenas momentos agradáveis que nos esperam à soleira da morte. Alguns dos que retornaram relatam um sentimento de pânico ou de um vazio infinito – e até mesmo a visão do inferno. Mas em todos os casos há uma coisa comum: as pessoas vivem nesse curto período de tempo muito mais do que seria possível na verdade.
Depois dessas vivências (agradáveis ou não) freqüentemente as pessoas passam a priorizar valores como fraternidade, tolerância e espiritualidade. Muitos começam a viver mais intensamente, perdem o medo da morte e passam a acreditar em uma existência posterior. Atualmente, inúmeros neurocientistas, psicólogos e psicanalistas concordam que pessoas- psiquicamente saudáveis podem passar por essa experiência.
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Texto completo:
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/no_limite_da_vida.html
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