Obsessões difíceis de curar
Por Bezerra de Menezes, em Dramas da Obsessão, psicografado por Yvonne Pereira.
As leis da fraternidade estabelecem assistência incansável ao obsessor, no intuito de convencê-lo à reforma de si mesmo. Jamais o violentam, porém, quando o compreendem ainda não preparado pela ação fecunda dos remorsos.
Existem obsessões baseadas no ódio e no desejo irrefreável de vinganças, insolúveis numa só etapa reencarnatória, podendo levar séculos exercendo o seu jugo sobre a vítima, estendendo-o mesmo à vida no invisível. Até que os sofrimentos excessivos obriguem os litigiantes à renúncia do passado pela abnegação do porvir, o que os fará reencarnar unidos pelos laços de parentesco muito próximo, a fim de que mutuamente se perdoem e se habituem a um convívio pessoal, que acaba por estabelecer vínculos de afetividade.
Existem, também, as paradoxais obsessões por amor. Perseguições igualmente seculares, quando uma das duas partes interessadas perjurou, falindo nos deveres da fidelidade. Tão cruéis e execráveis esses tipos de obsessão por amor ferido quanto são os motivados pelo ódio. E até ocorrem obsessões sexuais, quando o atuante invisível induzirá o indivíduo a quedas deploráveis perante si mesmo, o próximo e a sociedade, tais como o adultério, a prostituição, a desonra irreparável, pelo simples prazer de dar livre curso a apetites inferiores dos quais abusou no estado humano e os quais conserva como desencarnado.
Geralmente exercida tão só através da telepatia ou da sugestão mental, é bem certo que o obsessor estabelece uma oculta infiltração vibratória perniciosa sobre o sistema nervoso do obsidiado, contaminando-lhe a mente, o perispírito, os pensamentos, até o completo domínio das ações. Tais casos se apresentam dificilmente curáveis, não somente por aprazerem às vítimas conservá-los, como por ser ignorada de todos essa mesma infiltração estranha, e mais particularmente porque o tratamento seria antes moral, com a reeducação mental do enfermo através de princípios elevados, que lhe faltaram, não raro, desde a infância.
Fonte:
Revista Universo Espírita
Número 54
Página 53
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