A música: sons e tempos (silêncios)
A partitura, música “traduzida” para o papel, mostra as notas musicais, clave e pentagrama. Não consigo decifrá-la de forma alguma… Uma frustração que já deixei de lado, quase esquecida, pois o único objeto que mais se aproxima de um instrumento musical e que considero saber usar é o apito.
É muito provavel que não me veja envolvido com esse aprendizado nesta vida.
Mas como eu ia escrevendo, na partitura, há os tempos na execução da música. Esses tempos, espaços ou – por que não? – “silêncios”. Já ouvi algumas composições onde os intérpretes (maestros) conduzem os músicos e o resultado da composição teriam, se não estou enganado neste respeito – tempos discretamente diferentes.
Não respeitar otempo dentro da própria composição, entretanto, possibilitaria tornar a música harmoniosa em puro ruído. Porque a música que se padronizou com o tempo, é matematizada; De modo que uns dizem que músicaé matemática e vice-e-versa.
Há toda uma sorte de informações naqueles símbolos que, obviamente, uma vez entendida, se transformará no som previsto quando executado por instrumentos musicais.
Mas os tempos entre as notas são tão importantes no conjunto da obra? Se forem, como entendê-los?
A harmonia e melodia dão o ritmo da música. Antes de continuar, o termo TEMPO em música, não é o mesmo do uso “comum” que faço aqui. O “tempo” que me refiro e referirei sem que eu informe o contrário, é aquele entre uma nota e outra; Justamente o espaço de tempo entre a produção de um som e o próximo. Uma sucessão, ou seja, a sequência de sons é, enfim a Melodia, enquanto que a Harmonia são os sons tocados juntos.
Em música, este sentido comum de tempo é o intervalo considerado entre as Marcações.
Uma vez firmadas as diferenças, o que torna possível distinguir uma composição de um ruído é esse pequeno espaço, essa pequena duração de “vida” do som entre a marcação e outra (na partitura, marcações são as linhas verticais). É alí que o estímulo meramente mecânico, deixa de sê-lo e gera ou “se converte” em som.
É fácil imaginar isto, por exemplo, quando o músico desliza o arco sobre o violino, violoncelo; Os dedos acionam as teclas do piano, cravo, e também das teclas de metal do oboé, tuba associando a expiração pulmonar).
Ouvir, é necessariamente identificar um som em determinada duração (tempo). Como sugestão, e para evitar confusão, deixo de lado as definições de mono e polifonia, mas aos interessados, vale a pela buscar esses temas na Internet, saber que compositor introduziu e revolucionou a música tratando corretamente a polifonia.
Vai acontecendo, assim, uma sequência de fatores – antes “frios”, isolados – que corroboram para o aparecimento, para o nascimento da obra musical. “Sequência” da idéia de “aquilo que se segue – no tempo – mais de uma vez, ou repetidas vezes”.
Sem tempo, não há vida.
Os pitagóricos, seguidores de, ou influenciados pelo filósofo Pitágoras (571-0 a.C. até 532-1 a.C. – século VI a.C, portanto) deviam entender a importância do silêncio. Seu mestre teria-lhes ensinado que tudo no Universo é número, tudo é música, fazendo clara referência a matemática e a música e, mais que isso, que ambas são expressões da mesma coisa.
“Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te”.
Com autoria atribuída a Pitágoras, antes de indicar uma manifestação colérica, um sermão, lembremos que silenciar trata-se de dar oportunidade à vida. Era o ensinamento mais amoroso a se oferecer, embora pareça o contrário.
De fato, a crença do mestre era tal a este respeito que acredita-se que Pitágoras impunha aos candidatos de sua “escola”, 5 anos de silêncio para que eles o entendesse (A Lei iniciática do silêncio).
Filosoficamente, a palavra (conhecimento, ensinamento, discurso) só existe porque identificamo-la separando-a da próxima. Eu poderia escrever tudo juntoou separando aspala vra sem pontosdiversos e voce teriadi ficulda dede compreendê-las. Claro que a extensão intelectual proposta vai além disso: Ouvir uma palavra (novamente entenda como discurso, narrativa, ensinamento, acontecimentos) sem respeitar o tempo de seu nascimento, é criar “ruído”.
Ouvir é respeitar o silêncio necessário para que a vida aconteça, é assimilar, o que foi imputado. É deixar “reverberar” como autofalantes em uma caixa acústica, é refletir, articular… É permitir que o que foi germinado, rebente.
Dentre várias possibilidades que o tema oferece, a Pitágoras poderia-se atribuir a comunhão dos diferentes (silêncio e som); Uma regra de convivialidade (o diálodo = DI, de “dois”, ou seja, plural) sugere 1. ouvir, entender a idéia do outro e 2. depois falar; Um aspecto político (julgue – deixe reverberar – segundo seus valores o que se apresenta).
Claro, entretanto é o aspecto do desenvolvimento do Homem, sua busca pela verdade (distinção/ oposição à mentira, ao falso), pela precisão de seus conhecimentos a partir dos fatos do Mundo.
Sem risco de desafinar, é conhecer a verdade… É conhecer Deus, pois tudo no Universo é Música.
Luciano de Almeida Peruci
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Oi Luciano!
Você é um colaborador frequente.
Estou te agradecendo a presença.
Seus temas são sempre lindos e educativos.
Receba meu abraço fraterno.
Leal – aprendiz em todas as instâncias da Vida
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