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Religião e religare
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Religião (Dicionário Michaelis)
1 Serviço ou culto a Deus, ou a uma divindade qualquer, expresso por meio de ritos, preces e observância do que se considera mandamento divino.
2 Sentimento consciente de dependência ou submissão que liga a criatura humana ao Criador.
3 Culto externo ou interno prestado à divindade.
4 Crença ou doutrina religiosa; sistema dogmático e moral.
5 Veneração às coisas sagradas; crença, devoção, fé, piedade.
6 Prática dos preceitos divinos ou revelados.
7 Temor de Deus.
8 Tudo que é considerado obrigação moral ou dever sagrado e indeclinável.
9 Ordem ou congregação religiosa.
10 Ordem de cavalaria.
11 Caráter sagrado ou virtude especial que se atribui a alguém ou a alguma coisa e pelo qual se lhe presta reverência.
12 Conjunto de ritos e cerimônias, sacrificais ou não, ordenados para a manifestação do culto à divindade; cerimonial litúrgico.
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As definições acima são compatíveis com a maioria dos dicionários portugueses e de outros idiomas. Em geral, a palavra religião está diretamente associada à observação da crença e devoção ao sagrado, aos ritos e práticas litúrgicas, aos dogmas, aos cultos e, consequentemente, às formas de adoração. Enfim, “cada religião inspira certas normas e motiva certas práticas”.
A origem da palavra é proveniente do latim, religio, porém não há um consenso sobre o sentido original dessa última que dentre as possibilidades mais aceitas figuram “reler” (relegere, por Cícero, 45 a.C) e “religar” (religare, Lactâncio, séc. III d.C). Quando São Jerônimo, iniciou a tradução das escrituras sagradas (Vulgata Latina), isto é, da Bíblia, do grego para o latim, ao final do século VI, o sentido “religar” para a palavra religião já estava por assim dizer consagrado, associando-se à idéia de se “religar a Deus”. Kardec ao estudar todas essas questões históricas, percebeu que a proposta de “religar a Deus”, bem como todos os desdobramentos de cultos, ritos e formas adotada ao seu tempo que envolviam a palavra religião não eram originais, motivo pelo qual citou em seu conhecido discurso de abertura da Sessão Anual Comemorativa do dia dos Mortos, intitulado “O Espiritismo é uma religião?”, Revue Spirite, 1868:
“Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças”.
Uma vez que na visão do Espiritismo o homem jamais se desligou do Criador, a idéia de se “religar a Deus” não faz qualquer sentido, o que corrobora com a assertiva de Kardec de que a palavra religião, no sentido originário de religare, deveria ser apreciada como “religar os homens” (e não os homens a Deus). Vale ressaltar, no entanto, que esse sentido resgatado por Kardec não é o comumente utilizado. Aliás, civilizações há que sequer possuem uma palavra equivalente para a idéia de religião conforme as possibilidades acima descritas.
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Fonte: http://migre.me/51uJx
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Publicado em: SinapsesLinks
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