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Faces
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Lenita Maria Costa de Almeida
Desde sempre, em minha vida, pensei muito no significado cristão de oferecer a outra face, quando se fosse agredido em uma delas. Antes de aparecer a palavra pró-ativa, acho que eu já o era sem saber. Não me conformava com o ato de não revidar a uma ofensa, ser passiva e deixar tudo por isso mesmo. Até que um dia, lendo um dos capítulos do livro O Redentor, que discorre sobre a vida de Cristo, detive-me em um dos muitos capítulos, que resumirei a seguir:
Quando, em Suas peregrinações, o Mestre passava por determinada cidade, logo as pessoas se aglomeravam para ouvir Sua palavra. Isso causava profundo mal estar para a elite rica e dominante, que sentia-se, talvez, ameaçada. Essa elite, então, armou uma cilada para Jesus. Patrocinou farto jantar e convidou o Mestre. Pretendia-se preparar uma armadilha para Jesus, para poder agarra-Lo nas tramas da Lei. Jesus, mesmo sabendo do risco, humildemente, aceitou o convite. Ao chegar, todos os convidados haviam tido seus pés lavados, como de costume, menos Jesus. Tentaram embaraçá-lo promovendo debates teóricos que pudessem confundir o Mestre, que a tudo refutava, dentro da sua grande sabedoria. Ao distribuírem guardanapos de linho e água para molhar os dedos antes de partir o pão, também como era o costume, só Jesus não foi contemplado.
Em dado momento, houve muito barulho na porta fechada. Era Maria de Magdalo, também conhecida por Maria Madalena que, sabendo da situação de Jesus, forçava sua entrada no recinto. Ao ver o Mestre, ajoelhou-se, tirou o perfume que trazia numa caixinha presa a uma corrente de ouro, jogando nos pés do Mestre as preciosas gotas para lavá-los, ao que juntou suas lágrimas. Isso feito, enxugou os pés de Jesus com seus lindos e longos cabelos.
No mesmo momento, os doutores da Lei interpelaram o Mestre, sobre como ele permitira ser tocado por uma mulher impura, o que era contra a Lei.
Jesus, calmamente, valendo-se de sua moral interna ou força interior, como queiram, disse-lhes: quando eu aqui cheguei, meus pés não foram lavados, a água e o guardanapo de linho não me foram oferecidos e eu nada falei. Agora, essa mulher aqui vem até para corrigir essa situação e vocês a reprovam? Todos se calaram, e ele disse “Vá, mulher e não peques mais.
Fico emocionada cada vez em que lido com esse texto.
No meu entender, Jesus não ofereceu a outra face, mas reagiu, Mestre que era, como Pacificador, mas colocando cada coisa em seu lugar.
Os espíritas sofrem muito em seus afazeres diários, pois, para alguns, ser espírita é aceitar tudo e todos. Posso estar enganada, mas, no meu entender, Jesus, sabiamente, como não poderia deixar de ser, foi e continua a ser um revolucionário, usando, sabiamente, a moderação, o equilíbrio e a paz. Isso faz parte da grande herança do modelo cristão a ser seguido nas nossas lidas mundanas. O Mestre é, sem sombra de dúvida, o grande Consolador .
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