O Inverno

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20130317_O_Inverno
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O Inverno
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Era uma noite de inverno e as pessoas reviravam os seus guarda roupas, na busca dos velhos agasalhos, que ficaram em desuso por um ano. Procurei também por alguns acolchoados guardados na parte superior do armário. Havia os tirado dali, para que tal volume, não ocupasse espaços onde se encontravam os travesseiros utilizados, todos os dias, ou melhor, todas as noites.

Precisava me proteger, pois o serviço de meteorologia estava prevendo para a madrugada que viria, a chegada do maior frio que até então se instalara neste ano. Teria de providenciar igualmente, cobertor e edredom que agasalhasse a minha netinha, sim, a menina Suelen de apenas oito aninhos.

Estava me sentindo feliz pelos recursos que possuía para enfrentar a intempérie. Faria um achocolatado, daquele chocolate bem quentinho, que as pessoas bem aquinhoadas, tomam durante as noites de inverno, junto à lareira.

22 horas e o frio viera inclemente. Depois de todas as providências, inclusive de haver agasalhado convenientemente a minha adorada netinha, me escondi gostosamente debaixo dos cobertores.

Quando a temperatura já se tornava bem agradável, ouvi algumas palmas vindas do portão. Pensei: Sair daqui agora, neste momento em que o lençol se aquecera, seria um verdadeiro suicídio. Ah estava bom demais! Por outro lado, deixar de atender a porta seria covardia. As fracas palmas se repetiram.

Meio contra a vontade levantei-me, e não gostei da cena que acabava de ver: Duas meninas com aparências de no máximo 12 anos, uma delas para minha revolta trazia um nenê ao colo. Irritado antes que elas me pedissem algo, sim percebi pelos frangalhos de suas vestes que esmolavam, adiantei-me:

– Vocês não deveriam jamais valerem-se de um nenê para emocionar as pessoas, da próxima vez, deixem o irmãozinho em casa, protegido desse frio rigoroso!

Entrei e me encaminhei à cozinha a cata de algo. Ao retornar, confesso que chorei ao presenciar a triste cena: Uma das meninas, sentada ao meio fio da calçada, mantinha o nenê aconchegado ao peito enquanto o amamentava.

Álvaro Basile Portughesi
www.edicoesclareon.com
Ano de 2004

Um comentário sobre “O Inverno

  1. Abençoados os que compadecem e auxiliam o próximo com amor !
    Disse Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado! Este e o mais forte e lindo ensinamento que Ele nos deixou. E como e difícil pratica-lo no dia a dia.

    • Paulo, amigo Paulo, Alegria!
      SIM! A aparência nos engana!
      Precisamos aprender com o Magno Ensinamento “A trave no olho”.
      Receba meu abraço fraterno.
      Leal – aprendiz em todas as instâncias da Vida

  2. O valor de um ato se julga por sua oportunidade.
    A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dádiva cria amor,se amarmos as pessoas com a nos mesmos,a vida seria muito melhor.

  3. É verdade sr. Eudison.. Muitas vezes deixamos de praticar a caridade por medo das pessoas estranhas que batem à nossa porta. Mas!!! na ausência dele, devemos estar sempre a postos para servir os nossos semelhantes que são feitos com o mesmo material que o nosso, pois, se nos colocarmos no lugar deles, sentiremos o frio na alma, a angústia no coração, a tristeza de ver os nossos filhos tão pequeninos expostos às intempéries, Ah!!!!!! é preciso muita resistência e firmeza de propósitos para avaliarmos as feridas dos outros. Feliz daqueles que já possuem esses requisitos na alma, porque isto demonstra que o espirito já está refinado e pronto para ser requisitado na vinha do Senhor Jesus. Obrigada

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