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TOLERÂNCIA
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Para esta Sessão, fui honrosamente convocado para apresentar um trabalho que possa vir a servir de reflexão para os Irmãos Mestres desta nossa Respeitável Loja, e faço-o com muita alegria.
Para início, vamos falar um pouco sobre alguns termos que todos nós Maçons aprendemos, apregoamos e procuramos utilizar, quer seja em nossas vidas Maçônicas, ou em nossas vidas no mundo profano e, por que não, também em nossos lares, onde procuramos sempre ser um exemplo para nossos filhos e familiares.
A primeira dessas palavras é TOLERÂNCIA.
Tolerância é um termo que vem do latim “tolerare” que significa “suportar”, “aceitar”.
A tolerância é o ato de indulgência perante algo que não se quer ou que não se pode impedir.
A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente aceita diferentes opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Este tipo de tolerância é denominada “tolerância social”.
O dia 16 de Novembro foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o Dia Internacional para a Tolerância. Esta é uma das muitas medidas da ONU no combate à intolerância e não aceitação da diversidade cultural.
Na Medicina, o termo “(in)tolerância medicamentosa” é utilizado para designar a capacidade de um indivíduo para suportar (ou não) determinados medicamentos. A tolerância a uma medicação pode diminuir em consequência da utilização em excesso do mesmo medicamento.
A expressão “tolerância zero” é utilizada para definir o grau de tolerância a uma determinada lei, procedimento ou regra, de forma a impedir a aceitação de alguma conduta que possa desviar o que foi previamente estabelecido. Por exemplo, “tolerância zero a motoristas embriagados”.
Outro termo é a INTOLERÂNCIA.
Historicamente, a intolerância está presente na esfera das relações humanas fundadas em sentimentos e crenças religiosas. É uma prática que se autojustifica em nome de Deus; adquire o status de uma guerra de deuses encarnados em homens e mulheres que se odeiam e não se suportam. Heinrich Mann (1993), em A Juventude do Rei Henrique IV, fornece uma descrição que nos permite visualizar os efeitos da intolerância religiosa:
“Mas no país inteiro também se incendiava e matava em nome das crenças inimigas. A diferença das crenças religiosas era levada profundamente a sério, e transformava as pessoas que normalmente nada separava em inimigos extremados. Algumas palavras, especialmente a palavra missa, tinham efeito tão terrível que um irmão tornava-se incompreensível e de sangue estranho para outro”.
José Saramago (2001) denominou este ódio recíproco fundado em valores religiosos como “O Fator Deus”:
“De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus”.
Um terceiro termo nesta lista que escolhi, é a RELIGIÃO.
A história das grandes religiões monoteístas – o cristianismo, islamismo e o judaísmo – indica momentos de convivência respeitosa, mas também períodos de intolerância entre as diversas religiões e a intra-religião. Os diversos fundamentalismos, cristão, judaico e islâmico, comprovam-no. O fundamentalismo se caracteriza pela resistência aos processos de modernização das sociedades, em todas as épocas. Os primeiros a utilizar este termo foram os protestantes americanos, os quais passaram a se autodenominar “fundamentalistas” com o objetivo de se diferenciarem do protestantismo considerado “liberal”. Para os “fundamentalistas” os protestantes liberais “distorciam inteiramente a fé cristã. Eles queriam voltar às raízes e ressaltar o “fundamental” da tradição cristã, que identificavam como a interpretação literal das Escrituras e aceitação de certas doutrinas básicas”. (ARMSTRONG, 2000).
e, por fim, um termo não muito conhecido, mas utilizado na prática muitas e muitas vezes.
XENOFOBIA, também conhecida como XENOFOBISMO.
Xenofobia significa aversão a pessoas ou coisas estrangeiras.
O termo é de origem grega e se forma a partir das palavras “xénos” (estrangeiro) e “phóbos” (medo). A xenofobia pode se caracterizar como uma forma de preconceito ou como uma doença, um transtorno psiquiátrico.
O preconceito gerado pela xenofobia é algo controverso. Geralmente se manifesta através de ações discriminatórias e ódio por indivíduos estrangeiros. Há intolerância e aversão por aqueles que vêm de outros países ou de diferentes partes de um mesmo país, ou de diferentes culturas, desencadeando diversas reações entre os xenófobos.
Nem todas as formas de discriminação contra minorias étnicas, diferentes culturas, subculturas ou crenças podem ser consideradas xenofobia. Em muitos casos são atitudes associadas a conflitos ideológicos, choque de culturas ou mesmo motivações políticas.
Assim meus Irmãos, levo-vos às reflexões que podemos tirar desses termos e de nossa vida de convivência neste momento tão conturbado pelo qual o mundo está passando.
Lembro-vos dos episódios de massacres que temos visto em noticiários de TV, jornais e revistas, onde inocentes têm sido trucidados pela INTOLERÂNCIA.
Qualquer que seja o prisma pelo qual olhemos essas atrocidades, só temos uma forma de revertê-la…
É através da TOLERÂNCIA!
A tolerância para com nossos vizinhos, amigos, família e Irmãos, poderá, um dia, fazer de nosso mundo um mundo melhor para que possamos viver e conviver com Paz, Amor e Harmonia.
Peço-vos que relembrem os fatos recém-ocorridos na França.
A meu ver, houve INTOLERÂNCIA de todas as partes.
Dos membros da ala que é identificada e rotulada como a “dos terroristas”.
Também por parte daqueles que, ao denegrir as crenças de outros, há muito tempo, deixaram a tolerância de lado, partindo ao ataque sem prever que tais atos poderiam, como realmente veio a ocorrer, trazer retaliações e, infelizmente, a morte.
Nós, Maçons, temos em nossos lemas o saber de aplicar profundamente o termo TOLERÂNCIA.
Vamos usá-lo em todas as situações de nossas vidas. Assim fazendo, estaremos contribuindo para que haja um porvir pacífico, onde os homens vivam COMO VERDADEIROS IRMÃOS.
Rod Romano – M.I.
CIM- 4616
São Joaquim, fevereiro de 2015 da E.’.V.’.
Bibliografias:
José Saramago, Heinrich Mann, Armstrong, Rouanet.
Pesquisas em vários sites na internet.
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Colaboração:
José Rufino Xavier
São Paulo-SP