São Paulo 465 anos!


Terra Abençoada!
Querida São Paulo agora com 465 anos. Quando você me recebeu em seus braços ainda não contava com 400 aniversários.
Morei na rua Roma que hoje é uma das mais charmosas e movimentadas do Bairro da Lapa.
Eu na companhia de meia duzia de amiguinhos jogavamos bolinhas de gude no meio da avenida que era de terra e nela não passava um carro (hoje pisca o olho pra ver).
O carro coletor de lixo puxado por cavalos numa correria insana.
Era uma algazarra, quando nós inventávamos de jogar pedras para o alto, nas tentativas de atingir o Zepelim, o dirigivel, que permanecia parado no ar, porém alcançá-lo nem pensar.
Os meus avós residiam na vila Ipojuca e eu de calças curtas e descalço ia visitá-los. Ao tomar o onibus da empresa Bacarelli pedia para o cobrador colocar a passagem na conta do meu avô. O atencioso funcionário tirava do bolso uma caderneta e anotava, despesa essa que o meu velho avô pagaria no final do mês.
Naquela época era interessante ver os nossos familiares pedindo uma colher de sal, de óleo ou de açúcar emprestado para a vizinhança e nós sabíamos os nomes até dos cães dos nossos vizinhos.
Vivíamos o ano de 1945 e no nosso Brasil não havia trigo, pois a importação do produto havia sido interrompida em razão da Segunda Guerra e os navios ficaram impedidos de realizarem as travessias.
Era uma luta para conseguirmos comprar um pão (chamado de filão) e eu ainda menino acompanhava meus tios em busca de uma padaria que estaria vendendo o produto. Finalmente naquela madrugada conseguimos adquirir o valioso alimento.
Naquele mesmo dia, eu meus pais e meus tios estávamos postados na cerca de fronte a nossa casa assistindo a passagem do circo a exibir os seus malabaristas, as jaulas com os macacos e leões e a frente o portentoso Elefante colhendo com a tromba tudo o que a população lhe atirava.
Vendo aquelas cenas corri para dentro de casa, enfiei a mão na sacola e retirei o pão que estava inteirinho e ainda crocante.Voltei em tempo de fazer uma jogada de mestre, atirei a guloseima que o grande animal nao se fez de rogado e a abocanhou, sem se dar contas de que eu aquele menino besta, estava sendo surrado por toda a minha familia.
Hoje você Cidade de São Paulo que se engalana diante do mundo e que ainda permanece acolhendo este velho trêmulo que não tem como lhe agradecer por tantos beneficios, mas aceite o meu emocionado: parabéns São Paulo terra Abençoada!
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Autor:
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Obrigado Senhor!
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