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O que é o Poder?

Defini-se poder, na sua mais pura essência, como capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos. Essa capacidade é bastante abrangente pode se referir a pessoas- indivíduos e/ou grupos sociais- coisas e animais. Todavia, a acepção que nos interessa neste trabalho é o poder na sua relação com o homem na sociedade, ou seja, como ela se dá, quais os seus componentes e funções.

Vários autores definiram poder como algo que se possui e do qual se faz uso voluntário, para o beneficio de quem o possui, sempre. No entanto, não existe poder se não existe ao lado de quem induz a quem induzir, daí esse caráter relacional inerente ao poder- “o poder social não é uma coisa ou sua posse: é uma relação entre pessoas,” e como em toda a relação há um propósito que une os integrantes dela, daí o poder ser considerado uma relação triádica.

O autor deste texto definiu, e bem, as acepções da palavra poder e classificou didaticamente as diversas fases do mesmo. Para falar das fases do poder, ele o dividiu em poder potencial e poder atual. Segundo o autor, o poder atual é a ação consumada, ou seja, ultrapassa as possibilidades para se concretizar no ato. O poder dá-se quando o comportamento de um indivíduo e/ou grupo é determinado por um outro.

A este fenômeno, comporta aspetos; A pode influenciar B intencionalmente, caso ele exerça o poder que possui, para conseguir objetivos que ele pretende, porém nem toda mudança de comportamento que A pode provocar em B é intencional, às vezes, ela se dá sem as partes se darem conta, como por exemplo quando um filho imita o pai. Vale realçar, porém, um ponto levantado pelo autor: nesse caso de imitação, o poder é exercido, caso for a intenção do imitado tal ato, o contrário não seria.

Ainda sobre as relações que intermedeiam entre o comportamento de A e o de B, o autor falou de manipulação, onde A provoca um determinado comportamento de B sem manifestá-lo explicitamente. Isso se verifica, freqüentemente nas propagandas, onde, sem se dar conta, B comporta segundo os desejos de A. Em todas as relações referidas o comportamento de A é a causa do de B, porém essa causalidade não é universal, ou seja, o comportamento de A não implica sempre e necessariamente o de B; concernente a isso, existem opiniões que se divergem entre si, mas sempre em cima dessa questão da causalidade.

Ajuntando a esses requisitos todos, tem de se levar em conta a disponibilidade de B em mudar o seu comportamento de acordo com a vontade de A, porque há casos em que B prefere morrer, por exemplo, do que mudar o seu comportamento. Em casos do tipo, não existe uma atuação do poder. Porém, quando há uma alta probabilidade de que B realize com continuidade os comportamentos desejados por A, o poder diz-se estabilizado.

Posto isso, falemos do poder potencial, ou seja, a capacidade de determinar o comportamento dos outros. Ao contrário do poder atual, o poder potencial não visa a analisar a relação de comportamento, mas sim, a relação entre atitudes para agir. Nesse caso, leva-se em conta a capacidade de influência, de A sobre B. Exercer o poder implica ,antes de tudo, ter a possibilidade de exercê-lo, possibilidade essa, que se reduz a requisitos diversos, tais como riqueza, força, informação, conhecimento etc. Mas não basta. A capacidade de A depende também da habilidade pessoal de converter em poder tais recursos possuídos.

De tudo o que se disse até agora fica claro que o poder não deriva simplesmente da posse ou do uso de certos recursos mas também da existência de determinadas atitudes dos sujeitos implicados na relação. Dentre essas atitudes, o autor faz referência às percepções e às expectativas. A pode exercer um poder que excede o poder efetivo, caso B reconheça nele uma certa reputação. Isso seria de uma certa forma vantajoso para A, visto que nutriria um certo grau de respeito de B para com ele.

No que tange à expectativa, diz-se que a ação de determinados atores é o resultado da previsão do que seria a reação futura dos outros atores. Numa dada altura, o comportamento de cada ator é determinado parcialmente pelas previsões do ator relativa às ações futuras de outros atores. O poder é considerado previsível quando B age de acordo com a vontade de A, não por causa de uma intervenção direta de A, mas por que deduz que caso não agisse de tal forma, B tomaria posições desagradáveis para com ele.

Os modos de exercer o poder são múltiplos, vai da influência à persuasão, da manipulação à coerção. O que se pode extrair daí, é que a execução do poder se reduz ,sempre, a uma relação de conflito entre as partes integrantes. Intencionalmente ou não A impõe a sua vontade, e B, por sua vez, adota o comportamento pretendido por A, muitas vezes contra a sua vontade. Essa desigualdade constante de posição provoca um estado de revolta permanente para a parte que limita a cumprir ordens, ou seja, a inferioridade do sujeito passivo origina um conflito constante para com o sujeito ativo, no caso, o detentor de poder.

Um outro item bastante importante levantado pelo autor é a mensuração do poder. Um modo de medir o poder é o de determinar as diversas dimensões que pode ter o comportamento em causa. Destacou-se o poder dado pela probabilidade que o comportamento desejado se verifique, pelo numero de homens submetido ao poder, pela esfera do poder, pelo grau de modificação do comportamento de B, e finalmente a partir do grau em que o poder de A restringe as alternativas de comportamento que restam abertas para B.

Não existe relação social onde não esteja presente, de qualquer forma, a ação do poder; no entanto ela é mais notável na política. Citado pelo autor, segundo Weber a relação de mando e obediência na política não se resume em fundamentos materiais ou em mero ato de obediência dos súditos mas também e principalmente num específico fundamento de legitimidade. Deste poder legítimo Weber especificou três tipos puros: o poder legal, o poder tradicional e o poder carismático.

Tentou-se averiguar, de modo satisfatório, a distribuição do poder dentro da comunidade ou, de forma geral, dentro de um sistema político por métodos quais sejam, o posicional- que consiste em identificar as pessoas hierarquicamente mais famosas de uma comunidade- o da reputação e a decisional – ou sejam que se baseiam sobre observação e reconstrução dos comportamentos efetivos que se manifestam nos processos públicos de decisões. Esses métodos apesar de válidas são alvos de algumas críticas.

Margarida Fontes
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Fonte:
http://www.facom.ufba.br/etnomidia/poder2.html
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