Yom Kipur
Yom Kipur, o Dia do Perdão, é o dia mais sagrado e solene do ano, o auge dos Dez Dias de Penitência iniciados em Rosh Hashaná.
Neste dia os rolos da Torá são retirados da Arca Sagrada e carregados dentro das sinagogas.
O Kol Nidrei, a anulação de todos os votos, é recitado antes do pôr-do-sol.
Sua melodia infunde em cada um dos presentes um sentimento de reverência.
É o início de um dia de jejum e abstinência, quando o material se submete ao espiritual e cada judeu vai examinar seus atos e buscar perdão pelos erros que cometeu contra Deus. É um dia de arrependimento e perdão.
Sem a possibilidade do arrependimento o mundo não poderia existir, já que ao criar o homem com o livre arbítrio – a liberdade de escolha entre o bem e o mal – Deus deu-lhe a possibilidade de errar, de se afastar Dele. Mas ofereceu-lhe também a possibilidade de voltar para Ele, a possibilidade de mudar o curso de sua vida, de arrepender-se, de “aproximar-se de Deus afastando-se do pecado”.
No dia de Yom Kipur o poder do mal é suspenso e a Santidade Suprema é revelada.
Em Yom Kipur o homem tem a possibilidade de se elevar espiritualmente atingindo o nível dos anjos. Os pecados que cometeu contra Deus, se ele se arrepender sinceramente, serão perdoados, permitindo-lhe retomar seu caminho em direção à Luz. Neste dia, assim como os anjos, Israel não come, não bebe, não usa sapatos de couro. É o único dia em que se pode recitar em voz alta a bênção do primeiro versículo da oração Shemá Israel: “Bendito seja o Nome da glória… eternidade”.
Segundo a tradição, no momento em que recebeu a Torá e a trouxe para o povo de Israel, Moisés ouviu esta bênção dos anjos. Sendo esta oração dos anjos, é recitada em voz baixa o ano inteiro. Apenas em Yom Kipur, quando Israel se assemelha a um anjo, esta frase é dita em voz alta.
Os sábios hebreus ensinam que, apesar dos Portões do Arrependimento estarem sempre abertos, as condições espirituais que estão presentes em Yom Kipur e que permitem distinguir com mais facilidade o bem do mal, não existem em nenhum outro momento.
Foi neste dia 10 de Tishrei, Yom Kipur, que Deus perdoou o imperdoável: o bezerro de ouro. Foi neste dia que, após 40 dias de súplica para que Deus perdoasse os Filhos de Israel, Moisés desceu com o segundo par de tábuas dos Dez Mandamentos, prova do perdão Divino pelo pecado do bezerro de ouro.
Enquanto Moisés estava no Monte Sinai pedindo e suplicando pelos Filhos de Israel, Deus lhe revelou Seus Treze Atributos de Misericórdia. Ao proclamá-los, Deus estava mostrando a Moisés que a Sua Misericórdia supera todas as considerações sobre erros que o homem possa ter cometido no passado ou venha a cometer no futuro.
Deus também mostrou a Moisés que se o homem usar de misericórdia, perdoando os que estão a sua volta, ele poderá se conectar espiritualmente com o mundo da Misericórdia Divina, conseguindo que seus próprios erros sejam perdoados. Por isso nossos sábios nos ensinam que se o homem perdoar a quem o magoou, se mostrar benevolência e generosidade para com o seu semelhante, os Céus vão tratá-lo da mesma forma.
Baseado em “Revista Morashá”, edição 30, Setembro de 2000, encontrada em www.morasha.com.br.
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Colaboração:
Ricardo Leão – São Paulo-SP
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