O Véu e a Alteridade

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O Véu e a Alteridade

Nilza Teresa Rotter Pelá

O noticiário internacional traz novamente a intolerância de um país para com estudantes mulheres que, por preceito religioso, usam véu para ir à escola. Eu não usaria véu, mas é direito meu não fazê-lo como é direito de outra mulher usá-lo se compreender que assim é bom para ela e se não está sendo coagida a isso.

A exclusão dessas mulheres das escolas, uma vez que será mais freqüente abandonar a escola que a religião, tiraria dessas jovens estudantes a oportunidade de contato com jovens de diferentes culturas e religiões , o que sem dúvida lhes ampliaria o repertório de condutas e valores, o que poderia sim, lhes dar elementos de análise se querem ou não tirar o véu e enfrentar o radicalismo religioso a que são expostas.

Outro aspecto a ser analisado diz respeito aos sentimentos de exclusão e rejeição que essas mulheres estariam sofrendo, o que seria difícil para elas compreender como cristãos que pregam o amor e a fraternidade podem fazer isso com elas.

Dentro desse contexto aparece o conceito de alteridade

Alteridade

Capacidade de conviver com o diferente de se proporcionar um olhar interior a partir das diferenças. Significa que se reconhece o outro também como sujeito de iguais direitos.

É exatamente a constatação das diferenças que gera a alteridade. Não é um conceito desse século, mas foi retomado pelo relatório da Comissão Especial em Educação de UNESCO sob a coordenação de Jacques Delors, intitulado Educação um Tesouro a Descobrir(1). Chama a atenção o capítulo 4 da parte II, que aborda os Quatro Pilares da Educação quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser.

No pilar Aprender a Conviver é trabalhado o conceito de alteridade. Nesse pilar o educador procura situar o educando com os outros compartilhando experiências e desenvolvendo responsabilidades sociais. Essas experiências geram responsabilidades que os levam a busca de integração com a natureza, o compromisso com a humanidade e a necessidade de superação dos egoísmos coletivos e individuais, isso só é possível pelo compartilhamento, pela comunhão, pelo diálogo, pela convivência. Ensinou-nos Jesus: Fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam ( Mt.7:12)como a maneira de conviver com respeito, tolerância e cooperação fraternal.

O Espiritismo tem seu alicerce nos ensinamentos de Jesus e seu fundamento pedagógico não podia ser outro senão aquele praticado pelo Cristo. Joanna de Angelis (A pedagogia de Jesus- O Reformador-junho de 2004) assim apresenta essa pedagogia: Pedagogo por excelência não apenas ensinando a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, mas sobretudo, demonstrando que ele o realizava. Melhor pedagogia que a d’Ele não existe, pois que vem atravessando os dois milênios já transatos com superior qualidade de orientação. Este é o teu mandato de realmente aprenderes a viver”.

Oxalá possamos estar mais atentos à alteridade que ao véu.

Bibliografia
1) DELORS, JACQUES, Educação um tesouro a descobrir.Brasília: DF:MEC:UNESCO,2003
Fonte: Verdade e Luz, edição nº 266 – Março de 2008
Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Original:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=342727
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