A Vontade de Deus

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Como saber a vontade de Deus para minha vida?

Nas últimas semanas, através de vários e-mails, foi-me proposta a pergunta acima. Por entender ser esta uma angústia de muita gente, resolvi transformar minha tentativa de resposta num texto público.

A vontade geral de Deus está exaustivamente registrada nas escrituras. Não mate, não adultere, não cobice, não seja idólatra, não minta, não roube, não se prostitua. Caminhando mais, aprofundando o fato de que Deus prefere obediência no lugar do sacrifício, a vontade dEle nos desafia a amar, a Ele e ao próximo, com toda alma, coração e entendimento. Um mundo que assim vivesse, sem dúvida, viveria melhor.

Mas penso que a pergunta que me foi feita anseia por respostas pessoais, específicas. Quem perguntou deve desejar saber a resposta sobre a vontade de Deus para sua vida particular. Então, aqui vai a minha resposta, da forma mais direta e honesta que posso expor: não sei! Já perdi a conta do número de vezes que me fiz esta pergunta entre lágrimas, dores, perdas, derrotas. Sem respostas, a resignação com os eventos da minha realidade junto a muita oração, clamor e espera, foram as únicas atitudes que consegui desenvolver.

E depois? Tive respostas? Algumas vezes, sim, outras, não. E minha fé? Minha vida? Com dificuldade ou não, tudo continuou. Desde cedo aprendi a não desistir, a não parar, a continuar lutando. Albert Einstein tem um pensamento inspirador para fases difíceis: “A vida é como andar de bicicleta, para manter o equilíbrio é preciso se manter em movimento”. Ou seja, parar e entregar-se a lamentações aceitando a derrota, numa passiva auto-comiseração tirará nosso equilíbrio, foco e força para lutar, para continuar.

Sim, não sei a resposta, mas sei de outras coisas. Sei do amor de Deus por todos nós. Sei do perdão do Pai para todos nós. Sei que a nossa justiça não passa de trapos imundos perante a santidade dEle. Sei que a nossa vida tem o propósito de glorificar a Deus e, lamentavelmente todos nós, sem excessão, falhamos. Sei que sem Ele, somos menos que nada, mas em Cristo, somos filhos, imperfeitos e pecadores, mas filhos. Sei que Ele é o “Pai nosso que estás no céu”, portanto toda vez que oramos, no céu, o Pai está pronto, atento, recebendo nossas orações. Sei que o cair é nosso e o levantar é dEle. Sei que as obras da nossa carne são exatamente isso, obras, orgulhosas, arrogantes, inconsequentes. Sei que o fruto do Espírito é exatamente isso, fruto, pois somente o Espírito Santo pode produzir em nós amor, paz, bondade, paciência, fé, mansidão, domínio próprio. Sei que nosso Senhor conquistou a vitória na cruz e nos desafia a tomarmos nossa cruz e seguí-lo. Sei que pela graça somos salvos e que, em novidade de vida, devemos dar a outra face e caminhar a segunda milha. Enfim, sei que apenas saber e não praticar de nada nos adiantará.

Por tudo isso e muito mais, devemos continuar caminhando, lutando e esperando, aprendendo a viver numa total dependência do Eterno. Afinal, ainda que nossa compreensão muitas vezes não alcance satisfação, nossa fé deve continuar a crer que Ele sabe os “porquês”, que Ele nunca falha, que Ele nunca se atrasa.

Para esta caminhada encontrei um conselho, bíblico e prudente, deixado por João Calvino: “A mais segura fonte de destruição dos homens é obedecer a si mesmo”. Bíblico porque esta é uma expectativa do céu, nossa espontânea e prazerosa obediência, não como pagamento para se conquistar a eternidade, simplesmente não é possível, mas como gratidão, reconhecimento e desejo de santificação em nossas vidas. Prudente porque obedecer nossos caprichos e achismos muitas vezes nos levará para os riscos da destruição.

Na maioria das vezes, são as fases de sofrimento que provocam a pergunta sobre a vontade de Deus para nossas vidas. Nas fases de bonança, paz e prosperidade, dificilmente questionamos se é justa ou não a vontade de Deus. No entanto, apesar das pressões, tensões e testes advindos das mais duras provas, devemos continuar crendo na proximidade e cuidado de Deus por nós, pelo menos foram estas as palavras do apóstolo Paulo à igreja de Corinto, com elas, termino este texto: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos”. II Coríntios 4.8-10.

Paz!

Pr. Edmilson Mendes

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: ‘”Adolescência Virtual”, “Por que esta geração não acorda?”, “Caminhos” e “Aliança”.
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Contatos com o pastor Edmilson Mendes:
mendeslongo@uol.com.br
www.mostreatitude.com.br
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Previsão do tempo: Sem previsão

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Previsão do tempo: Sem previsão

Observações sensíveis e precisas marcaram a maioria dos textos de William Shakespeare. Em um de seus muitos pensamentos sobre o “tempo”, ele escreveu: “O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam”. O dramaturgo inglês tinha razão. Quanto a contagem, o tempo é sempre igual, exatos um segundo atrás do outro. No entanto, quanto a velocidade, ele é repleto de variáveis para quem espera, tem medo, quem lamenta ou festeja. É como tentar prever o imprevisível, sobra tempo, falta previsão.

Em Mateus 9.36, Jesus tem uma visão de pessoas desorientadas, cada uma no seu tempo e todas ansiando por uma previsão boa. Jesus define aquelas pessoas assim: “Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor”.

Aflição e desamparo marcavam aquelas multidões. A falta de pastor provocava um tempo ruim. A figura usada por Jesus foi perfeita. O pastor é aquele que prepara o pasto verde, a água fresca, a sombra, o abrigo e a proteção. O pastor é aquele que sabe se vai chover, fazer sol, calor ou frio. O pastor é aquele que conhece os tempos e então provê tudo que é necessário para o bem estar das ovelhas. É por isso que ovelhas que têm pastor superam aflições e desamparos, não importa se fará sol ou chuva, a previsão é sempre de segurança e proteção durante todo tempo.

Não sei no que Pablo Neruda pensava, mas sua inspiração serve para refletirmos sobre a importância do conteúdo do nosso tempo, que não deve ser negligenciado em hipótese alguma. Ele escreveu que “Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo”. É verdade! Precisamos viajar e conhecer lugares, viajar nos livros, viajar na música, viajar de mãos dadas com a Graça!

Tudo isso pertence a Deus! Os lugares Ele criou, os livros Ele inspirou, a música Ele gravou nas notas musicais, a graça Ele doou! O tempo com Deus é rico, imprevisível no aspecto da surpresa, mas totalmente previsível no aspecto da certeza. Da certeza que o nosso tempo não está sendo desperdiçado, de que não estamos morrendo lentamente, de que a vida está sendo vivida intensamente.

A falta de previsão produz expectativa, ansiedade, medo. É difícil viver sem ter noção alguma sobre o amanhã. Foi por isso que Jesus, “ao ver as multidões, teve compaixão delas”, exatamente pela falta de esperança no amanhã, no futuro. Este sentimento de Jesus: “teve compaixão”, me conforta e me consola. Já estive no meio de multidões assim, sentido-me aflito e desamparado. Lembrar que Jesus olhou para mim cheio de compaixão, me responsabiliza a agir movido também por compaixão junto a uma geração especializada em desperdiçar seu tempo.

A JOCUM tem uma base na Linha Vermelha em Amsterdã, onde podemos ler o seguinte pensamento escrito numa placa: “Deixe o seu coração ser quebrantado pelas coisas que quebrantam o coração de Deus”. É isso! Se multidões errantes quebrantam o coração de Deus, se um pai perdido no álcool quebranta o coração de Deus, se um filho descrente quebranta o coração de Deus, se pessoas com frio e com fome quebrantam o coração de Deus, enfim, se gente sem nenhuma previsão boa para sua própria vida quebranta o coração de Deus, o meu coração também deve ser quebrantado por uma sincera compaixão que chora, ora e também age, afinal, o tempo não espera.

Quando você permitir que o seu coração seja quebrantado e derretido por tudo que importa para Deus, você enriquecerá de bênçãos o seu tempo e o tempo daqueles a quem Deus te enviar. Mas não ficará “só” nisso. Corações quebrantados desenvolvem a capacidade de amar. E amor, como bem afirmou Paulo em I Coríntios 13, é o caminho ainda mais excelente que durará eternamente. Foi a propósito que deixei a última frase do pensamento de Shakespeare para a conclusão deste texto, pois ele explica com simplicidade e objetividade a atitude certa para vivermos hoje, amanhã e sempre: “Mas, para os que amam, o tempo é eternidade”.

Paz!

Pr. Edmilson Mendes
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Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: ‘”Adolescência Virtual”, “Por que esta geração não acorda?”, “Caminhos” e “Aliança”.
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Fonte:
http://www.guiame.com.br/m5.asp?cod_noticia=17182&cod_pagina=1594&titulo=Previsão-do-tempo:-Sem-previsão
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