Errando na mosca

por Eduardo Zugaib
Fonte:
http://www.vendamais.com.br/Motivacao/php/verMateria.php?cod=43969#

Idéias inovadoras, que promovem quebra de valores e revoluções na vida das pessoas comuns, costumam sofrer, em um primeiro momento, a reação de um ceticismo que pode ser assustador. Mais que alinhar a mente ao vetor da criatividade, buscando sempre novas idéias, é fundamental também aprimorá-las e principalmente encontrar argumentações fortes para defendê-las.

A razão dessa reatividade? A zona de conforto e o medo de mudanças em que todos nós, cedo ou tarde, nos metemos. E o pior: muitas vezes, sem percebermos. Aceitar pequenas alterações em nossa forma de pensar e agir já é algo trabalhoso.

Que diremos de aceitar grandes mudanças, aquelas capazes de transformar a vida e alterar o ritmo das coisas ao nosso redor. Muitas vezes, quem se deixa levar pela reação ao novo pode acabar errando na mosca.

“Voar com máquinas mais pesadas que o ar é inviável e insignificante, se não impossível”. Acredite se quiser, mas essa frase foi pronunciada por um astrônomo famoso em sua época, Simon Newcomb, em 1902. Harry Warner, um dos Warner Brothers, em 1927 também julgou premeditadamente e errou feio quando perguntou: “Quem diabos iria querer ouvir um ator falar?”, num momento em que, por pura falta de tecnologia, ainda imperava o cinema mudo.

Thomas Watson, presidente da IBM em 1943, tinha lá suas razões para afirmar que no mundo não haveria mercado suficiente para mais que cinco computadores. Tudo bem… a época era um tanto limitada se tratando de informática.

Mas o que dizer da afirmação de Ken Olsen, presidente da Digital Equipment Corporation, já em 1977: “Não há qualquer razão para as pessoas terem um computador em casa”.

Em 1962, John, Paul, Ringo e George saíram cabisbaixos da Decca Records, após ouvirem de um dos seus principais executivos: “Os grupos com guitarras já estão acabando. Obrigado e passar bem!”. Já imaginou se os Beatles desistissem ali e cada um procurasse seu canto para se ocupar com uma atividade que não lhes rendesse prazer?

Em tempos de Ipod, MP3 e outras tecnologias é, no mínimo, curioso saber que, em 1808, um dos grandes inventores do mundo subestimou a capacidade de sua própria idéia. Thomas Edison, o “gênio da lâmpada”, após criar o fonógrafo, deprimiu-se ao constatar que tal aparelho não tinha valor comercial.

Mais que criar, é preciso acreditar. Mais que acreditar, é fundamental encontrar, ainda hoje, os argumentos que tornam nossas idéias críveis, acelerando a percepção daqueles a quem as submeteremos. Pode ser que quando estiverem prontos para entendê-las, alguns dias, meses ou anos já tenham se passado.
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