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Mediunidade
Intervenção é “para nos ajudar a acreditar na vida eterna”
Entre carismáticos católicos e evangélicos, cada vez mais confusos e descrentes, os espíritos manifestantes são chamados de Espírito Santo
Bíblico, o fenômeno espírita renasce nas igrejas cristãs
JOSÉ REIS CHAVES
Teósofo e biblista – jreischaves@gmail.com
Os fenômenos mediúnicos ou pneumático-carismático-espirituais, comuns no cristianismo primitivo, encontram-se em 1Coríntios (capítulos 12,13 e 14), em Atos e no Apocalipse.
Coube a Kardec inaugurar o estudo científico desses fenômenos. E ele tem sido seguido por um grande número de cientistas espiritualistas e materialistas de todo o mundo, ostentando alguns deles os títulos de Ph.D., de catedráticos de renomadas universidades, e alguns contemplados com o Prêmio Nobel, como o físico inglês William Crokes, descobridor dos raios catódicos e do tálio, e o francês Charles Richet, os quais se destacaram nas pesquisas de materializações de espíritos.
Ademais, santo Tomás de Aquino ensinou: “Deus pode querer a intervenção de alguns falecidos em nossa vida para nos ajudar a acreditar na vida eterna e para nos admoestar a que não nos apeguemos às coisas do mundo” (Suma: 1,89,8 ad 2; Supl.69,3) – citação do padre italiano João Martinetti, estudioso da paranormalidade, em “O Além Existe”, já traduzido para cerca de 20 línguas, de Lino Sardos Albertini, pág. 14, Edições Loyola, advogado, escritor, presidente da Junta Diocesana de Ação Católica de Trieste, na Itália, e vice-presidente nacional da União Pan-Europeia Italiana. Referindo-se também aos fenômenos mediúnicos de psicografia dessa obra, o padre Pascoal Magni, teólogo, epistemólogo e escritor, diz: “A mão escreve de modo incomum. A pessoa transcreve mensagens que, realmente, não parecem ser elaboradas pela consciência pessoal ordinária. Como as elaboraria? O horizonte hipotético se abre exatamente para além das fronteiras costumeiras…” Realmente, a escrita psicográfica é feita numa rapidez incrível e antes de a ideia entrar na mente do médium, que mais parece um executivo assinando documentos.
No livro “Diário – A Misericórdia Divina na Minha Alma”, de santa Faustina Kowalska, freira polonesa canonizada em 30.4.2000, por João Paulo II, há relatos de seus contatos com espíritos desencarnados. E entre eles, na interpretação dela, destaca-se o de Jesus. Na verdade, trata-se de um espírito adepto radical da teologia católica do início do século XX, tão fiel a Jesus, que ele até se identificava como sendo o próprio Jesus. O livro tem Imprimatur de dom Pedro Fedalto, arcebispo de Curitiba (PR), e os prefácios do cardeal dom Andrzej M. Deskur, arcebispo titular de Tene, e presidente emérito do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Vaticano).
E consta de “O Livro da Vida – Da Ilusão à Verdade”, de Glória Pólo, página 5, Ed. Aliança Missionária Eucarística Mariana, Anápolis (GO): “Depois de terem sido ab-rogados os cânones 1.399 e 2.318 do Código de Direito Canônico, mercê da intervenção de Paulo VI, em AAS 58 (1966) 1.186, os escritos referentes a novas aparições, manifestações, milagres etc podem ser espalhados e lidos pelos fiéis, mesmo sem licença expressa da autoridade eclesiástica, contanto que se observe a moral cristã geral”.
De fato, há na Igreja e outras agremiações cristãs uma abertura para o reconhecimento da realidade dos fenômenos bíblicos mediúnicos das primeiras gerações do cristianismo. Hoje, eles são comuns no espiritismo, umbanda, candomblé, quimbanda etc e praticados, há milhares de anos, em todas as religiões, inclusive as indígenas, dos cinco continentes, fenômenos esses que renascem hoje entre grupos de carismáticos católicos e evangélicos, cujos espíritos manifestantes esses fiéis, cada vez mais confusos e descrentes, chamam de Espírito Santo!
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Fonte:
http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdEdicao=1269&IdColunaEdicao=8341
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