Evoluir

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Evoluir

“a doutrina espírita faz (…) ressaltar a necessidade do melhoramento individual”.¹

Através do conhecimento da Doutrina Espírita sentimos que temos um trunfo em nossas mãos: o roteiro para chegarmos lá, num futuro de paz e fraternidade…

Interessante é observar qual o caminho para se atingir esse objetivo, traçado pelo próprio Kardec¹: “Dando a prova material da existência e da imortalidade da alma, iniciando-nos nos mistérios do nascimento, da morte, da vida futura, da vida universal, tornando palpáveis as conseqüências inevitáveis do bem e do mal, a doutrina espírita faz (…) ressaltar a necessidade do melhoramento individual. Por ela, o homem sabe donde vem e para onde vai, e por que está na Terra; o bem tem um fim, uma utilidade prática”.

O que se depreende deste texto citado é que este sentimento da necessidade do melhoramento individual é resultado do conhecimento sobre os mistérios da vida e da morte, das conseqüências do bem e do mal em cada um de nossos atos.

O estudo para a apropriação desse conhecimento é fundamental. Pode-se argumentar que basta agirmos segundo nossa consciência para acertarmos o rumo. Mas, por que não expandir essa consciência?

Na pergunta 780-a, do Livro dos Espíritos², Kardec indaga: Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral? A resposta é clara: Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.

Ressalta-se também que esse não é um processo cujos resultados aparecerão somente lá na frente, ou seja, quando eu achar que já aprendi o bastante. Ao contrário, os efeitos vão aparecendo ao longo do próprio debruçar-se sobre o objeto do estudo, afetando tanto a quem aprende como às pessoas à sua volta. Kardec também já nos alertara que o Espiritismo não forma o homem somente para o futuro, forma-o também para o presente e para a sociedade.¹

Assim, o trabalho para a nossa evolução – bem como para o progresso de todo o nosso grupo social – começa agora, a partir da busca de condições que nos propiciem entender melhor as leis que tudo regem, seu funcionamento e nossa inserção nesse todo.

Ao mesmo tempo partimos, conscientemente, para a busca dessa transformação em nós, no dia a dia, nas pequenas coisas do cotidiano, como: não jogar papel de bala no chão, não passar no sinal vermelho, não burlar o imposto de renda, respeitar a todos sempre, não usar indevidamente qualquer objeto que não nos pertença… E aí vai uma série de atitudes que, quanto mais presentes estiverem nas pessoas, mais próximos estaremos de uma verdadeira revolução em nosso planeta, aquela que começa a partir do melhoramento de cada um.

É assim que podemos ir fazendo nossa parte, agindo e entendendo – pelo conhecimento das leis divinas – porque cada atitude dessa é importante numa sociedade que reúne tantas pessoas num objetivo comum: o progresso e bem estar de todos. Kardec, em Obras Póstumas¹, conclui: Pelo melhoramento moral os homens preparam na Terra o reino da paz e da fraternidade.

Referências Bibliográficas:
1.ALLAN KARDEC, Obras Póstumas, LAKE, 2ª Parte, Credo Espírita, pág.292.
2.ALLAN KARDEC, O Livro dos Espíritos, LAKE, pergunta 780a.
Fonte: Verdade e Luz, edição nº 244, Maio de 2006
Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
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Fonte:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=344908
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Individualidade Humana

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Individualidade Humana

A individualidade humana tem intrigado filósofos e cientistas desde longa data!

Somos todos diferentes uns dos outros e essa individualidade acontece até mesmo entre gêmeos idênticos. Para estes últimos, somente seus genomas são iguais, mas suas personalidades e comportamentos são distintos, mesmo quando os irmãos são criados juntos e recebem a mesma educação e os mesmos estímulos do meio ambiente.

Chamou muita atenção dos cientistas ligados ao estudo do comportamento, o caso das irmãs siamesas Laleh e Ladan, que nasceram e viveram no Irã, ligadas pela cabeça, até morrerem em 2003, aos 29 anos, durante uma cirurgia que visava separá-las. Elas conheciam todos os riscos da cirurgia, mas sonhavam em viver separadas, seguindo rumos compatíveis com suas personalidades: Laleh, que era mais extrovertida e meiga, queria se mudar para a capital do país e se tornar jornalista; Ladan, que era mais introvertida e séria, desejava permanecer em sua cidade natal e se tornar advogada.

Desde 26 de junho de 2000, quando o genoma humano foi decifrado, os pesquisadores se encheram de otimismo porque acreditavam que o avanço nas pesquisas poderia trazer respostas sobre a origem de muitas doenças e sobre as diferenças mais marcantes que distinguem os indivíduos, tais como o grau de inteligência, as aptidões e a personalidade.

O genoma humano é o código genético humano, ou seja, é o conjunto dos genes humanos. Este código genético está presente em cada uma de nossas células e contém toda a informação para a construção e funcionamento do nosso organismo. A macromolécula de aminoácidos que contém todas essas informações é conhecida no meio científico por DNA (ácido desoxirribonucléico).

O que as pesquisas mais recentes descobriram é que o nosso DNA pode possibilitar e favorecer determinados tipos de comportamentos, mas não pode determinar esses comportamentos!

Segundo André Ramos, diretor do Laboratório de Genética do Comportamento da Universidade Federal de Santa Catarina, “a genética não é um destino, não determina o que você vai ser. Ela oferece predisposições. Todos estão sujeitos a influências ambientais que podem, sim, mudar a expressão dos genes e fazer com que eles simplesmente não se manifestem” (1).

As constatações científicas vêm confirmar o que a Doutrina Espírita tem nos ensinado há 150 anos! O corpo físico é apenas o nosso instrumento de manifestação enquanto encarnados. É matéria e a matéria não pensa, não tem vontade própria, não desenvolve aptidões, nem é capaz de discernir o certo do errado, nem o bem do mal. Somos seres espirituais, indivíduos imortais, cujas personalidades, aptidões e predisposições são o resultado de experiências vivenciadas em incontáveis encarnações, que visam o desenvolvimento de nosso senso moral e de nossa inteligência até a perfeição.

O Espírito Hahnemann, em mensagem que se encontra no capítulo IX de O Evangelho Segundo o Espiritismo elucida-nos bem esta questão: “O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade?… Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer”.

O mesmo pensamento é válido para doenças como o diabetes, a hipertensão e alguns tipos de câncer, que possuem um caráter hereditário e, portanto, estão relacionadas à presença de determinados genes. Como esses genes não determinam, mas apenas predispõem o aparecimento dessas doenças, a mudança de hábitos e de comportamento, bem como a vontade sincera de tornar-se melhor espiritualmente a cada dia, podem atenuar ou anular a manifestação desses genes.

Fonte: Verdade e Luz, edição nº 267 – Abril de 2008
Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Site:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=343826
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O Véu e a Alteridade

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O Véu e a Alteridade

Nilza Teresa Rotter Pelá

O noticiário internacional traz novamente a intolerância de um país para com estudantes mulheres que, por preceito religioso, usam véu para ir à escola. Eu não usaria véu, mas é direito meu não fazê-lo como é direito de outra mulher usá-lo se compreender que assim é bom para ela e se não está sendo coagida a isso.

A exclusão dessas mulheres das escolas, uma vez que será mais freqüente abandonar a escola que a religião, tiraria dessas jovens estudantes a oportunidade de contato com jovens de diferentes culturas e religiões , o que sem dúvida lhes ampliaria o repertório de condutas e valores, o que poderia sim, lhes dar elementos de análise se querem ou não tirar o véu e enfrentar o radicalismo religioso a que são expostas.

Outro aspecto a ser analisado diz respeito aos sentimentos de exclusão e rejeição que essas mulheres estariam sofrendo, o que seria difícil para elas compreender como cristãos que pregam o amor e a fraternidade podem fazer isso com elas.

Dentro desse contexto aparece o conceito de alteridade

Alteridade

Capacidade de conviver com o diferente de se proporcionar um olhar interior a partir das diferenças. Significa que se reconhece o outro também como sujeito de iguais direitos.

É exatamente a constatação das diferenças que gera a alteridade. Não é um conceito desse século, mas foi retomado pelo relatório da Comissão Especial em Educação de UNESCO sob a coordenação de Jacques Delors, intitulado Educação um Tesouro a Descobrir(1). Chama a atenção o capítulo 4 da parte II, que aborda os Quatro Pilares da Educação quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser.

No pilar Aprender a Conviver é trabalhado o conceito de alteridade. Nesse pilar o educador procura situar o educando com os outros compartilhando experiências e desenvolvendo responsabilidades sociais. Essas experiências geram responsabilidades que os levam a busca de integração com a natureza, o compromisso com a humanidade e a necessidade de superação dos egoísmos coletivos e individuais, isso só é possível pelo compartilhamento, pela comunhão, pelo diálogo, pela convivência. Ensinou-nos Jesus: Fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam ( Mt.7:12)como a maneira de conviver com respeito, tolerância e cooperação fraternal.

O Espiritismo tem seu alicerce nos ensinamentos de Jesus e seu fundamento pedagógico não podia ser outro senão aquele praticado pelo Cristo. Joanna de Angelis (A pedagogia de Jesus- O Reformador-junho de 2004) assim apresenta essa pedagogia: Pedagogo por excelência não apenas ensinando a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, mas sobretudo, demonstrando que ele o realizava. Melhor pedagogia que a d’Ele não existe, pois que vem atravessando os dois milênios já transatos com superior qualidade de orientação. Este é o teu mandato de realmente aprenderes a viver”.

Oxalá possamos estar mais atentos à alteridade que ao véu.

Bibliografia
1) DELORS, JACQUES, Educação um tesouro a descobrir.Brasília: DF:MEC:UNESCO,2003
Fonte: Verdade e Luz, edição nº 266 – Março de 2008
Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Original:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=342727
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Imortalidade

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Imortalidade

Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves

Estudar para conhecer, saber de alguma coisa que existe, está ali, mas não sabemos. Essa deveria ser a nossa meta. Ah, mas há tantas coisas que não sabemos… Será que faz diferença? Pode ser a distância entre o desespero e a felicidade. Kardec ilustra, no capítulo 1 (item 62) da Gênese, essa idéia com uma comparação interessante.

“Parte para destino longínquo um navio carregado de emigrantes. Leva homens de todas as condições, parentes e amigos dos que ficam. Vem-se a saber que esse navio naufragou. Nenhum vestígio resta dele, nenhuma notícia chega sobre a sua sorte.

Acredita-se que todos os passageiros pereceram e o luto penetra em todas as suas famílias. Entretanto, a equipagem inteira, sem faltar um único homem, foi ter a uma ilha desconhecida, abundante e fértil, onde todos passam a viver ditosos, sob um céu clemente. Ninguém, todavia, sabe disso. Ora, um belo dia, outro navio aporta a essa terra e lá encontra sãos e salvos os náufragos. A feliz nova se espalha com a rapidez do relâmpago. Exclamam todos: “Não estão perdidos os nossos amigos! E rendem graças a Deus. Não podem ver-se uns aos outros, mas correspondem-se; permutam demonstrações de afeto e, assim, a alegria substitui a tristeza.”

No caso, acreditar que todos estavam mortos representou a tristeza e o luto de muitos. Sabê-los vivos fez toda a diferença. Saber de algo que não se sabia mudou completamente a vida daquelas pessoas. Mas Kardec foi além com essa analogia, relacionando-a com o conhecimento sobre a vida após a morte:

“Tal a imagem da vida terrena e da vida de além-túmulo, antes e depois da revelação moderna. A última, semelhante ao segundo navio, nos traz a boa nova da sobrevivência dos que nos são caros e a certeza de que a eles nos reuniremos um dia. Deixa de existir a dúvida sobre a sorte deles e a nossa. O desânimo se desfaz diante da esperança.”

A construção da ponte entre a ignorância e o saber é obra de cada um, mas algumas coisas não dependem só de nós, para que possamos saber delas. Outras sim. Dependem de nosso empenho e esforço no estudo e reflexão.

Esse é o caso citado por Kardec, da Revelação Espírita sobre a imortalidade.

Tivemos a bênção da revelação, mas quanto precisamos ainda ler, refletir, analisar, relacionando-a com as idéias científicas já desenvolvidas, pensando com a lógica e a curiosidade sadia, para buscar a compreensão das leis que dão a base para a nossa vida?

Isso se aplica não só às nossas próprias pontes, mas às pontes que podemos ajudar a construir. Educar é, em grande parte, possibilitar que muitas das coisas já descobertas, reveladas, construídas, possam ser apropriadas pelos outros, para que se tornem não só conhecidas, mas vivenciadas. E isso se aplica a todo conhecimento e, claro, também ao da Doutrina Espírita.
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Original: Verdade e Luz, edição nº 265 – Fevereiro de 2008
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Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Fonte:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=340667
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Publicado em:
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Conheça:
Janelas da Alma:
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