Gripe Suína

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Gripe Suína

Conheça os detalhes:
Link:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0707200907.htm
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Exército combaterá gripe suína na fronteira

Nos postos entre Brasil e Argentina, soldados vão ajudar na orientação aos viajantes e na entrega de declarações de saúde

País já soma 905 casos confirmados da doença; balanços divulgados pelo ministério passarão de diários para semanais

PABLO SOLANO
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA

O Exército vai enviar militares a postos de fronteira no Rio Grande do Sul para ajudar no combate à gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína.
Uma força-tarefa com a participação de militares e funcionários das prefeituras e do governo do Estado pretende monitorar a circulação de viajantes em 14 pontos por onde passam pessoas vindas da Argentina e do Uruguai.
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Vide link.
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Consciência Cósmica

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Consciência cósmica

Será que a vida inteligente não passa de uma coincidência?

Não há dúvida de que nós, seres humanos, temos a necessidade de encontrar significado em tudo o que fazemos. Tudo tem (ou deveria ter) uma causa por trás, algo que justifica uma ação ou uma reação.

Uma doença é causada por um agente -por exemplo, um vírus. Fazemos ginástica para estar em forma. Procuramos ter amigos, prazer, amor na tentativa de viver nossas vidas da melhor forma possível. Quando nos perguntamos sobre as causas das coisas, do mundano ao mais profundo, nós esperamos uma explicação, algo que faça sentido.

Tradicionalmente, as perguntas ditas mais profundas eram relegadas a explicações religiosas ou míticas, lançando mão de agentes sobrenaturais.

Como o mundo surgiu? E a vida? Existe alguma razão para estarmos aqui?
Ou a existência não passa de acidente?

Hoje a ciência também encara essas questões. Dentre as mais fascinantes, talvez a de maior significado para nós seja a relação (ou não) entre a mente, a vida e o Universo. Será que a vida, em particular a vida inteligente, não passa de uma coincidência, resultado de inúmeros acasos sem nenhuma razão de ser? Ou será que estamos aqui (talvez juntamente com outras inteligências) por algum motivo?

Descontando a versão bíblica de que estamos aqui criados segundo a imagem de um Deus onipotente ou que estamos vivendo o nosso inevitável carma, existem várias respostas de cunho científico. Apesar de não sabermos se alguma delas está certa, a discussão é frutífera, trazendo à tona aspectos importantes do pensamento científico contemporâneo. Sem tentar ser exaustivo, eis algumas delas. Em futuros textos voltarei ao assunto.

1. O cosmo é único, resultado de uma estrutura matemática que a física teórica vislumbra em raros momentos. Por trás da enorme diversidade das coisas, em particular da matéria e das suas propriedades, existem leis bem determinadas e eternas que ditam desde a existência do Universo ao valor da carga e da massa do elétron.

Se algum dia obtivermos essa teoria unificada, a teoria de tudo, teremos chegado ao ápice da racionalidade, decifrando o código secreto da natureza.

(A “mente de Deus” como Hawking e outros afirmam.) Segundo essa visão, a vida e a mente são acidentais, já que a física e a química têm pouco ou nada a dizer sobre a emergência da vida.

2. O cosmo é um dentre possivelmente infinitos outros, todos parte de um multiverso. Em cada um deles, as propriedades físicas são diferentes.

Apenas em alguns poucos a vida é possível. Algumas versões das teorias unificadas preveem a existência, ou são compatíveis, com o multiverso. Os unificadores mais radicais afirmam que, se o Universo é único, o multiverso não pode existir. De qualquer forma, uma das dificuldades dessa visão é encontrar um critério seletivo que justifique de forma natural a nossa existência. Uma teoria na qual tudo é possível explica muito pouco.

3. Existe um princípio vital, alguma lei que ainda desconhecemos, que explica a existência da vida no Universo.

Essa versão apela para a teleologia, afirmando que o cosmo é de alguma forma responsável pela existência da vida e, em particular, da vida inteligente. Mesmo dentro de uma formulação científica, fica difícil separar essa visão da visão religiosa, onde causas são atribuídas a um princípio criativo divino. Por outro lado, como vários exemplos históricos mostram, o que hoje chamamos de mágico ou sobrenatural pode, um dia, vir a ser explicado cientificamente. É prudente manter a cabeça aberta.

O contraste é na postura natural versus sobrenatural, ou seja, na capacidade de a ciência oferecer repostas plausíveis à questões dessa natureza.

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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “A Harmonia do Mundo”
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0507200903.htm
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A Certeza da Incerteza

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A certeza da incerteza

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No mundo atômico, são probabilidades que contam, não medidas precisas
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Todo mundo gosta de ter certeza, de estar sempre certo, de acertar. Para muita gente, principalmente aquelas pessoas que chamamos de teimosas, ou, em casos mais drásticos, de arrogantes, incertezas e dúvidas refletem uma espécie de fraqueza de caráter.

Infelizmente, saber aceitar que é perfeitamente razoável não sabermos tudo, que não precisamos estar sempre certos, requer uma boa dose de humildade. Especialmente quando você é daquelas pessoas que, de modo geral, estão sempre certas, sabem o que querem e não têm paciência para incertezas e imprecisões. Esse tipo de personalidade aparece com frequência por toda parte: nos esportes (como o técnico de vôlei da minha adolescência), nos escritórios e hospitais e, claro, nas universidades.

O grande matemático e físico francês Pierre-Simon de Laplace, que viveu no final do século 18, acreditava tanto na física de Newton que dizia que uma supermente que soubesse as posições e velocidades de todos os átomos que existem poderia usar as leis da mecânica para prever o futuro.

Por exemplo, a mente poderia prever que você estaria lendo essa coluna, qual trecho dela estaria lendo etc. Esse determinismo era o emblema do Universo-relógio, onde tudo estaria predeterminado pelas leis da física.

Claro, nem todo mundo gostou da ideia. O Romantismo, por exemplo, foi uma reação ao racionalismo exagerado do Iluminismo.

Qual era lugar do livre arbítrio, do amor, da dúvida, nesse cosmo-máquina? Segundo esse ultrarracionalismo, incertezas são apenas produto da nossa incapacidade de construir uma mente poderosa o suficiente para englobar toda a realidade. Laplace afirmaria que quanto mais avançarmos o nosso conhecimento, menores serão nossas incertezas sobre o mundo. Imagino que ele ficaria chocado com o que ocorreu no início do século 20, cem anos após a sua morte. Era o tempo da mecânica quântica e da relatividade, onde a noção de saber absoluto foi profundamente questionada.

Especialmente na mecânica quântica, o princípio de incerteza, proposto por Werner Heisenberg em 1927, expressa precisamente a impossibilidade de obtermos informação com precisão absoluta em sistemas de dimensões atômicas. O princípio, em sua versão mas simples, afirma que é impossível medirmos a velocidade e a posição de uma partícula com precisão arbitrária: quanto maior a precisão na medida da posição, menor a precisão na medida da velocidade.

Lembrando que posição e velocidade são exatamente as quantidades de que a supermente precisaria para os seus cálculos determinísticos, vemos que a noção de um determinismo absoluto teve de ser abandonada. No mundo atômico, são probabilidades que contam, não certezas.

A perda de precisão absoluta, a substituição de certeza por probabilidade, incomodou (e incomoda) muita gente. Einstein, por exemplo, morreu convencido de que a teoria quântica, apesar de extremamente bem sucedida em explicar os átomos e suas propriedades, não era a palavra final. Tal como a sua teoria da relatividade veio a generalizar a teoria da gravidade de Newton, ele estava convicto de que uma teoria mais profunda tomaria conta das incertezas quânticas. Muita gente procurou (e procura) por essa teoria, até agora sem sucesso.

De fato, experimentos demonstram que a teoria quântica tal qual a conhecemos hoje é mesmo muito eficiente. Por outro lado, existem ainda muitos mistérios em sistemas quânticos. Mas acho difícil que as incertezas desapareçam. Melhor que seja assim, para mantermos nossa humildade perante a natureza.
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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “A Harmonia do Mundo”
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2806200901.htm
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Internet no Brasil

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Internet no Brasil

Influência da internet no Brasil fica estagnada, afirma IBM

A contribuição da internet para o avanço do Brasil ficou estagnada no último ano. A conclusão é de estudo da IBM e da “Economist” que mede a capacidade de 70 países de aproveitarem as tecnologias de informação para o desenvolvimento socioeconômico.
O Brasil está em 42º lugar no ranking mundial, a mesma posição registrada em 2008. Ricardo Gomez, diretor da área de consultoria da IBM Brasil, diz que o país seguiu a tendência de queda da média mundial, potencializada pela crise. A Dinamarca liderou o ranking.

O estudo mede a contribuição da internet para o aumento da produtividade no país e para o bem-estar das pessoas, ou seja, avalia se a população aproveita a tecnologia para fazer transações, estimular negócios, pagar contas, obter informações e facilitar as atividades.

“O Brasil tem uma lacuna em relação aos outros países. O acesso à internet aqui ainda é muito baixo. A população em geral não tem acesso a conectividade. A banda larga ainda é pouco utilizada e seu custo também é muito alto”, afirma.

Outro aspecto que dificulta o desenvolvimento brasileiro, segundo Gomez, é a legislação. “Nos crimes virtuais, a lei ainda é incompleta no que diz respeito a punição. O Brasil precisa ter leis especificas para isso.”

Apesar da estagnação, o Brasil ainda aparece à frente de todos os outros Brics. O país foi seguido por China (56º), Índia (58º) e Rússia (59º).
Gomez diz que o Brasil apresenta alguns pontos positivos, como a contribuição do governo para a disseminação do uso da internet. “O país já faz declaração de Imposto de Renda pela internet com grande eficácia. O governo cada vez mais disponibiliza essa tecnologia.”
“A conectividade no Brasil é baixa, mas na China é quase nula, a economia lá não funciona com base na internet”, afirma Gomez.

A Rússia apresenta um dos índices mais baixos do mundo de uso da internet, com fragilidade na adoção da tecnologia na política governamental e na economia. “China e Índia ocupam posições similares, com participação do e-business muito baixa. Essas economias funcionam, mas não com base na internet.”
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2006200901.htm
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Ônibus Espacial Endeavour

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Com 13 pessoas, ISS vai abrigar maior “encontro” espacial
11/06/2009 – 13h00

Com seis tripulantes permanentes da ISS (Estação Espacial Internacional, em inglês) e sete astronautas que vão viajar a bordo da Endeavour, o complexo vai abrigar o maior número de visitantes desde que foi construído.

No próximo sábado (13), a Nasa (agência espacial americana) deve lançar o ônibus espacial Endeavour para a realização de uma missão de cerca de duas semanas na ISS. O problema é que os próprios habitantes da estação ainda estão se acostumando a ter uma equipe maior –recentemente, o número de tripulantes fixos passou de três para seis.

Os responsáveis pela missão reconhecem que será algo desafiador. Mas a decisão de reunir tantas pessoas no espaço de uma só vez foi tomada porque a Nasa tem encontrado dificuldades para cumprir a meta de terminar a construção da estação até o fim do ano que vem.

O espaço não deve ser problema. Com nove quartos, dois banheiros, duas cozinhas e dois locais para exercícios físicos, a ISS tem capacidade para acomodar 13 pessoas, ao menos temporariamente. Há também um banheiro, uma cozinha e equipamentos de ginástica no ônibus espacial.

A principal preocupação é manter os sistemas de comunicação funcionando, especialmente durante as cinco caminhadas espaciais previstas.

“Imagine ter 13 pessoas em casa, cada uma realizando algo diferente e fazendo perguntas”, afirma o diretor de voo Holly Ridings. “Se você for a única pessoa na casa que pode responder essas questões, como acontece com o centro de controle de operações na Terra, não pode responder a tudo de uma só vez.”

Juntos, os astronautas vão instalar a parte final do laboratório de pesquisas japonês, colocar objetos de reserva fora da estação, trocar baterias e realizar outros serviços de manutenção. Três braços robóticos serão utilizados.
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u579924.shtml
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Leitores eletrônicos

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Leitores eletrônicos

Mercado acadêmico é potencial plataforma
Com pré-lançamento do Kindle Deluxe, Amazon vê boom no meio universitário

Para editores brasileiros, a possibilidade de “carregar” muitos livros, sublinhar os textos e fazer anotações deve atrair universitários

No início desta semana, a revista eletrônica TheBookseller.com, especializada no mercado editorial, noticiou que o pré-lançamento do Kindle Deluxe (ou DX), que só estará disponível no verão americano, é uma estratégia da Amazon para enfraquecer eventuais concorrentes como a Apple e a Sharp na “guerra dos leitores eletrônicos de livros didáticos” esperada para breve. Ambas empresas estariam preparando dispositivos de leitura, com telas coloridas e mais interatividade, sugeridos como ideais para livros didáticos, como o novo Kindle.

Em entrevista à revista, Evan Schnittman, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Oxford University Press, a editora da Universidade de Oxford, afirma que conquistar os exigentes universitários, com a venda dos aparelhos eventualmente subsidiada pelas instituições de ensino superior, funcionaria como uma plataforma ideal para alcançar demais leitores.

Para Luciana Villas-Boas, diretora-editorial da Record, ainda que o livro impresso seja uma “invenção imbatível”, a versão eletrônica “atingirá em cheio a área acadêmica”:
“Aquele estudante que compra, ou gostaria de comprar, mas não tem dinheiro, dez a doze livros por semestre, para carregar para lá e para cá, certamente vai amar o livro eletrônico”, afirma Luciana.

“Ou qualquer profissional que esteja trabalhando com várias obras simultaneamente [como um editor]. Isso já representará um abalo sísmico para a indústria. Não acabará com ela, mas pode diminuí-la consideravelmente.”

Paulo Roberto Pires, da Agir, diz que “não se vê lendo romances”, por exemplo, num leitor eletrônico. “É mais uma opção sobretudo para a leitura de obras de referência e material de trabalho, porque é possível fazer anotações, sublinhar etc.”
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2305200909.htm
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Pandemia flagra a evolução

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Pandemia flagra a evolução

Marcelo Leite – colunisata da Folha de São Paulo. (01mai09-A10)

O influenza, como qualquer vírus, nem merece ser chamado de ser vivo, pois depende de organismos verdadeiros para se reproduzir. Apesar disso, pode ser considerado um tanto promíscuo: frequenta várias espécies, notadamente humanos, suínos e muitas aves, em cujos corpos as diversas variedades se encontram e fazem intercâmbio de material genético.

A gripe atual, cuja letalidade acha-se ainda mal caracterizada, parece ter surgido pela recombinação de partes de genes do vírus no organismo de porcos mexicanos. Já se identificaram no vírus H1N1 pedaços típicos de variedades que infectam tanto porcos quanto seres humanos e aves.

A geração contínua de variedade constitui a principal arma do influenza. Muitas mutações assim surgidas revelam-se contraproducentes para o vírus, pouco afetando sua capacidade de infectar humanos. De tempos em tempos, porém, emerge uma mescla com alto poder de burlar o sistema imune e mobilizar as células humanas para fabricar partículas virais.

O motor do processo de espalhamento do vírus pelo mundo (pandemia) é um belo exemplo de seleção natural.

Vírus de gripe há muitos por aí, mas só alguns adquirem a capacidade de transferir-se diretamente de pessoa a pessoa depois de saltar de porcos ou aves para homens e mulheres, libertando-se com isso do reservatório animal. A cepa viral bem sucedida passa então por uma explosão populacional, transformando cada vez mais corpos humanos em fábricas montadoras de vírus.

A espécie humana constitui um paraíso viral, com sua propensão para aglomerar-se em espaços fechados e deslocar-se a jato de um continente a outro. Ao alcançar novos países e populações, a variedade pandêmica do influenza entra em contato com outras cepas, criando novas oportunidades de recombinação genética.

Milhões de organismos humanos passam então a desempenhar o papel dos porcos mexicanos. Tornam-se por assim dizer laboratórios de experimentação viral.

O pesadelo dos epidemiologistas é que nesse processo surjam variedades ainda mais poderosas. Por exemplo, vírus que se tornem mais letais, enfraquecendo o organismo a ponto de torná-lo presa fácil de bactérias de pneumonia (não sem antes passar adiante zilhões de partículas). Ou cepas de influenza resistentes a antivirais como Tamiflu e Relenza.

Variação e seleção, porém, também trabalham a favor da espécie humana. Nosso sistema imune experimenta o tempo todo novos anticorpos para contra-atacar os vírus. Mas não há garantia de que sairá vitorioso dessa corrida armamentista.
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0105200905.htm
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Memória

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Memória começa a mudar a partir dos 40

“Nós somos as memórias que possuímos”, define Iván Izquierdo, 71, neurocientista da PUC-RS que conseguiu reconhecimento mundial pesquisando como um cérebro normal evolui ao longo do envelhecimento.

A conservação desse patrimônio, que confere identidade única a cada indíviduo, é um dos maiores desafios atuais da ciência. Quanto mais a medicina prolonga a vida das pessoas, mais elas estão sujeitas ao surgimento de demências na terceira idade, como Alzheimer ou problemas vasculares cerebrais que afetam a memória e para os quais os medicamentos ainda são pouco eficazes.

Num levantamento em São Paulo, a prevalência do mal de Alzheimer em 2008 foi estimada em mais de 7% da população acima de 60 anos. Como a porcentagem de idosos tende a aumentar, o número de casos na população geral pode dobrar ou até quadruplicar até 2040, afirma Lea Grinberg, do Grupo de Estudo do Envelhecimento Cerebral, da Faculdade de Medicina da USP.

“O grande fator de risco para essas doenças é fazer aniversário”, afirma Grinberg. A partir dos 65 anos, diz ela, o risco de desenvolver demência dobra a cada cinco anos.

O foco do grupo de pesquisadores da USP é o estudo de mecanismos cerebrais que ainda não são bem conhecidos, para tentar diferenciar o que é realmente doença do que é a perda natural provocada pelo envelhecimento.

Como explica Izquierdo, da PUC, não é na terceira idade, mas a partir dos 40 anos que a memória começa a ficar menos consistente. Nessa época, o cérebro dá uma virada no modo de consolidar e gerenciar a memória, privilegiando a concentração das lembranças mais importantes. Ou seja, algum grau de esquecimento é sintoma de mudança no perfil da memória, e não necessariamente perda cognitiva.

Os pesquisadores da USP têm estudado o cérebro de pacientes mortos, em busca de sinais de alguma alteração física ou química que permitam descobrir as diferenças e entender como as demências evoluem.

Os corpos são doados por famílias que enfrentaram alguns desses problemas demenciais. É uma forma de quem já foi ajudar a medicina a tentar preservar a memória de quem ficou.
(EDUARDO GERAQUE e RAFAEL GARCIA)
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj1503200911.htm
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Chazinho

O perigo do chazinho

Órgãos brasileiros alertam sobre o consumo indiscriminado de ervas medicinais e criam cartilhas para divulgar os riscos do uso excessivo

Patrícia Stavis/Folha Imagem

JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Todo mundo sabe indicar um chazinho perfeito para diferentes males, com dicas “infalíveis” transferidas pelos mais velhos da família. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 80% da população utiliza remédios naturais ou faz uso da chamada medicina popular para tratar doenças. O que pouco se discute, no entanto, são os riscos da ingestão excessiva das infusões preparadas com ervas, que podem ir de uma dor de cabeça a danos em órgãos vitais.

Ao observar a falta de conhecimento sobre os efeitos adversos do consumo em excesso de plantas medicinais, o Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu preparou uma cartilha para alertar sobre os principais efeitos colaterais das ervas mais consumidas na região. “Observamos que, por considerarem as plantas algo totalmente natural, imaginam que não há riscos”, diz Maria José Queiroz de Freitas Alves, biomédica do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, orientadora da pesquisa.

Ela acredita que, além de não ter consciência dos perigos, a população não sabe como tirar o melhor proveito dos princípios ativos das plantas. Como exemplo, cita o urucum, que tem propriedades antioxidantes conhecidas, mas que, se levado à fervura, libera toxinas. “Para utilizá-lo com segurança, é preciso deixá-lo em água fria por um tempo”, diz.

Outro fator importante, quase sempre desconsiderado por quem busca os chás para tratamento, é a forma como a erva foi plantada. “O tipo de solo interfere, assim como o uso de agrotóxicos e a época de colheita. E é preciso saber se é melhor usar a erva seca ou fresca, as folhas ou flores”, explica Alves.

É o caso da erva-doce (Foeniculum vulgare), também conhecida como funcho, cujo efeito diurético é mais forte na infusão das folhas, de acordo com uma pesquisa realizada por Débora Vendramini, doutoranda do CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas) da Universidade Estadual de Campinas. Em geral, os chás são preparados com os frutos. No estudo realizado em ratos, o aumento da diurese foi de 144% quando a infusão foi preparada com as folhas, contra 20% no uso dos frutos.

Publicidade irresponsável
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também constatou a necessidade de fornecer mais dados à população e prepara uma cartilha para ser divulgada no Estado do Rio de Janeiro. Foram consideradas para esse trabalho 20 das plantas mais citadas pelos vendedores de ervas do Mercado de Madureira, no Rio de Janeiro. “É uma loucura. Os “mateiros” descrevem inúmeras aplicações para uma mesma planta. E não há comprovação na literatura científica”, diz Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas), ligado à fundação.

A autônoma Izilda Aparecida Martins, 49, sofreu com a indicação de pessoas não-especializadas. Com pedra no rim, ela procurou uma infusão para ajudar no tratamento. O chá escolhido prometia ter bom efeito diurético, mas, na verdade, trouxe um problema: retenção de líquidos. “Comecei a tomar chá de porangaba por causa da publicidade forte, não eliminei a pedra e meu corpo começou a inchar”, conta ela.

Outro exemplo de extrapolação de uso é a indicação do avelós (Euphorbia tirucalli) para tratar ou prevenir tumores. Como há algumas pesquisas em andamento com resultados positivos, a erva passou a ser muito procurada para o preparo de chás -mas a planta é tóxica e pode causar alergia. “Contra o câncer, busca-se o princípio ativo, não dá para trabalhar com extrato ou infusão feitos em casa”, explica João Ernesto de Carvalho, biomédico e coordenador da Divisão de Farmacologia e Toxicologia do CPQBA da Unicamp.

O confrei (Symphytum officinale L.), que tem comercialização proibida para uso interno sob risco de causar problemas sérios no fígado, ainda pode ser encontrado facilmente para preparar infusões. “Essa planta já foi considerada “milagrosa” e é cicatrizante, mas só pode ser aplicada externamente”, alerta Maria José Alves, da Unesp.

Para que haja maior controle no uso terapêutico das ervas, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pretende lançar para consulta pública uma lista com 51 espécies de plantas que poderão ser comercializadas como ervas medicinais. A resolução regulamentará a notificação de espécies vegetais, com indicações terapêuticas baseadas na literatura científica. Como, até o momento, as ervas para chás comercializadas no país são regulamentadas como alimentos, não podem apresentar indicações terapêuticas nas embalagens.

Excesso
Felizmente, não é preciso dispensar o esporádico chazinho antes de dormir. “Desde que a planta seja usada de forma equilibrada”, avisa Maria Aparecida de Assis, assistente do laboratório do Sinitox, que organiza as informações da cartilha da Fiocruz.

Guilherme Neves, 24, teve suas dores de estômago e de cabeça agravadas com a ingestão excessiva de erva-mate. Ele adquiriu o hábito de tomar a bebida gelada e exagerava na dose, a despeito de seus problemas estomacais e da enxaqueca. “Eu não percebia que havia relação com a piora das minhas dores, acho que por causa da família, dos amigos e da sociedade, que passam a idéia de que um chazinho faz bem para quase tudo”, diz. Depois de uma crise, o administrador de empresas buscou um médico, que o aconselhou a substituir a bebida por outras infusões.

O grande problema é o uso em demasia, mas, de acordo com especialistas, é difícil definir o excesso. Para evitar riscos, não se deve substituir a água ou a ingestão de outros líquidos pelos chás. Indica-se, ainda, variar as ervas utilizadas e evitar preparar infusões muito concentradas. Gestantes devem consultar o médico antes de consumir essas bebidas, já que algumas plantas podem ser abortivas, caso do sene, usado como laxante.

Como parte de sua dissertação de mestrado, a bióloga Juliana Lanini, do grupo de plantas medicinais do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), entrevistou 20 raizeiros de Diadema, na grande São Paulo. Eles relataram efeitos adversos de várias ervas, como sene, alecrim, erva-mate e erva-doce. “Fomos a campo achando que eles nem saberiam dos possíveis efeitos colaterais, mas eles demonstraram consciência dos riscos do uso em excesso”, diz Lanini.

Ainda assim, como ressalta Rosany Bochner, da Fiocruz, é preciso buscar mais informação. “Os mateiros orientam, mas não sabem se há comprovação científica ou não.”

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq3010200805.htm
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Sobre a origem da Vida

Sobre a origem da vida

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Mesmo se existirem, os extraterrestres devem ser raros
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+ Marcelo Gleiser

Dos grandes mistérios que despertam enorme interesse tanto de especialistas quanto do público em geral, poucos são tão fascinantes quanto a questão da origem da vida. Existem várias facetas diferentes, cada uma com seu conjunto de questões em aberto. Uma das mais óbvias diz respeito à possível existência de vida extraterrestre. Se existe vida na Terra, por que não supor que ela exista também em outros planetas?

Essa pergunta em geral é respondida com outra pergunta. Do que a vida precisa para existir? Se usarmos a Terra como base -e só conhecemos a vida aqui-, consideramos que são essenciais a água líquida, certos compostos químicos e calor ou alguma outra fonte de energia. Água líquida impõe que o planeta não esteja muito distante ou muito perto de sua estrela.
Caso contrário, teria apenas água congelada ou vapor. A água líquida cria o meio onde as reações químicas que sustentam a vida podem ocorrer. Não é à toa que somos mais de 60% água.

Planetas que podem ter água líquida estão na chamada “zona habitável”, um cinturão cuja distância varia com o tipo de estrela. No caso do Sol, cobriria Vênus, Terra e Marte. Imediatamente, vemos que estar na zona habitável não é suficiente.

Vênus tem uma temperatura que vai além de 500C, por causa de um acentuado efeito estufa.

Marte, como foi descoberto recentemente, teve água líquida no passado, tem alguma hoje e também tem gelo, mas não foram encontrados rios, oceanos ou lagos. A possibilidade de vida lá hoje não é nula, mas é remota.

Aprendemos que composição e densidade da atmosfera e a história do planeta são determinantes. A vida precisa de certos elementos químicos. Carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio são essenciais. Fósforo, ferro, cálcio, potássio também são importantes. Esses elementos são sintetizados em estrelas durante seus últimos estágios de vida. Quando a estrela “morre”, explode com tremenda violência, emitindo esses e todos os outros elementos da tabela periódica pelo espaço interestelar.

Planetas capazes de desenvolver formas de vida precisam estar numa região com os ingredientes certos. Fora isso, os ingredientes precisam ser combinados corretamente. Pelo que vemos aqui, mesmo as formas mais primitivas de vida dependem de compostos orgânicos consistindo de cadeias muito longas de átomos de carbono ligados a uma série de radicais.

Os átomos de carbono são os ossos da espinha dorsal, dando suporte ao resto.

Como que esses átomos formaram cadeias tão complexas? Essa questão permanece em aberto. Mas em 1953, Stanley Miller fez uma grande descoberta: combinando substâncias que acreditava terem feito parte da atmosfera primitiva (metano, gás carbônico, água e outros), Miller isolou-as num frasco e passou faíscas elétricas que simulavam raios.

Para sua surpresa, ao examinar os compostos acumulados no fundo do frasco, percebeu que tinha sintetizado alguns aminoácidos, componentes fundamentais das proteínas. Miller não produziu a vida no laboratório, mas demonstrou que processos naturais podem tornar uma química simples numa química complexa.

Assim como o experimento de Miller, a vida precisa de uma fonte de energia. Aqui, estamos acostumados com o Sol.

Mas a descoberta de formas de vida que vivem na mais completa escuridão, em fossas submarinas profundas, demonstra que processos químicos independentes da luz podem gerar a energia capaz de impulsionar os mecanismos da vida. Não basta afirmar que o vasto número de planetas no cosmo torna a vida extraterrestre inevitável. O que aprendemos é que, mesmo se existir, será rara.

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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “A Harmonia do Mundo”

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2610200803.htm

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Outra visão:
http://www.freewebs.com/ovniseets/
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Sobre a criatividade

Sobre a criatividade
+Marcelo Gleiser

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Como bom carioca, “sacada” é a boa tradução para “insight”
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Na semana passada, escrevi sobre o riso. Como vimos, não existe uma teoria aceita que explique a relação entre o estímulo mental causado pela piada e sua transformação na reação física igual em todas as partes. Todo mundo ri da mesma forma, mesmo que seja de piadas diferentes. Dentre as teorias populares, a de Kant é bem razoável, especialmente casada com a de Freud.

Kant disse que rimos quando existe uma interrupção inesperada na lógica da história, uma contradição na expectativa do desenlace. Sem surpresa não rimos. Freud disse que a reação física vem da liberação de impulsos que os superegos reprimem. No universo da piada, podemos “deixar cair”.

Existe uma outra dimensão do riso causado pelo humor que gostaria de abordar: sua relação com a criatividade. A palavra inglesa “insight” não tem uma boa tradução em português. Segundo o venerado dicionário Michaelis, “insight” significa “introspecção, compreensão, discernimento, critério”. Talvez “compreensão” se aproxime do significado, mas ainda não lhe faz jus. Como bom carioca, “sacada” me parece funcionar melhor, especialmente adicionada de “genial”.

O ponto interessante é a conexão entre humor e “insight”, o momento do “ahá!”, da compreensão inconsciente de algo. Toda piada, quando explicada, perde a graça. A reação física característica do riso, o alívio de uma tensão mental, só se manifesta quando “entendemos” a piada de forma não-racional ou consciente. A compreensão ocorre em algum lugar do cérebro que parece funcionar por si. Se o interrompemos com explicações, a reação da descoberta é perdida.

Assim é com os momentos criativos nas artes e nas ciências. Existe uma preocupação com a obra, um objetivo a ser atingido que permanece arredio. Esse é o análogo da tensão na piada, do encadeamento lógico da história da qual não conhecemos o fim. Não conseguimos provar o teorema, resolver a questão, encontrar a nota certa na composição musical ou o traço certo no quadro. Mas nossos cérebros continuam a funcionar, a buscar conexões na memória, correlacionando fatos e possibilidades. De repente, quando menos esperamos, a solução vem à tona explosivamente, o momento do “ahá!”, da sacada.

Esse momento é sempre acompanhado de uma sensação física de liberação, de um alívio que pode até mesmo levar a um estado de êxtase. Deve ser causado por uma corrente turbulenta de reações químicas regadas a muita endorfina. Imagino os neurônios piscando como loucos, transformando o cérebro numa espécie de árvore de Natal. O grego Arquimedes (diz a lenda) saiu correndo nu pelas ruas de Siracusa ao encontrar a solução para um problema que o afligia, um modo de provar que a coroa de seu rei, que deveria ter sido feita de ouro puro, foi na verdade feita de uma mistura de ouro e prata: a densidade determina se algo bóia ou não.

Mas como estudar quantitativamente o momento da sacada? Experimentos nos EUA e na Inglaterra vêm tentando fazer isso. Para tal, usam voluntários com chapéus cobertos de eletrodos capazes de medir as mudanças de corrente elétrica no cérebro quando tentam resolver problemas envolvendo palavras.

Vêem que, quando as pessoas estão num impasse, a atividade cerebral se limita à áreas associadas com o foco seletivo. Segundos antes de a solução chegar, o padrão muda e a atividade migra para a região frontal à direita, implicada na organização do conhecimento e na arquitetura de planos. Porém, os estudos estão longe de serem conclusivos. Falta uma sacada genial para entender o mecanismo mental que leva a ela.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “A Harmonia do Mundo”

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1708200805.htm
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A vida vista de longe

A vida vista de longe

Os cientistas da Terra é que devem ir em busca dos ETs

“A vida busca a vida”, escreveu o celebrado astrônomo e divulgador de ciência Carl Sagan. Sendo assim, é no mínimo curioso que ainda não tenhamos recebido visitas de extraterrestres.

Afinal, mesmo se nos limitarmos à nossa galáxia, a ilha de cerca de 300 bilhões de estrelas da qual o Sol e os seus planetas fazem parte, há estrelas e planetas demais para que nenhum tenha desenvolvido vida, incluindo a mais rara vida inteligente. Esse é o famoso paradoxo de Fermi: dado o número de estrelas da Via Láctea e os seus 10 bilhões de anos (o dobro da idade do Sol), os ETs teriam tido tempo de sobra para desenvolver tecnologias capazes de cruzar as enormes distâncias interestelares e vir nos visitar. E a verdade é que, tirando as hipóteses absurdas de Erich von Däniken, segundo a qual ETs estiveram já por aqui e ajudaram a construir as pirâmides egípcias, as linhas de Nazca e outros projetos grandiosos de nossos antepassados (e descontando os relatos de indivíduos sem maior prova do que narrativas ou fotos suspeitas), os ETs nunca estiveram por aqui. Se estiveram, não parecem estar interessados em contatar cientistas ou políticos para um papo mais sério, limitando-se a exibir suas espaçonaves nas noites e a realizar experimentos com o aparelho reprodutor humano.

Dada esta crua realidade, são os cientistas da Terra que devem ir em busca dos ETs. O problema que enfrentamos são as enormes distâncias. Infelizmente, o espaço entre as estrelas é muito grande e essencialmente vazio. Temos procurado por vida na nossa vizinhança, nos planetas e nas luas do Sistema Solar. Mas, até agora, não encontramos nada, e é pouco provável que encontremos mesmo uma mísera bactéria no subsolo marciano, ou no oceano sob a espessa camada de gelo que cobre Europa, uma das luas de Júpiter. A vida, mesmo não sendo exclusividade do nosso planeta, é rara.

Tomemos como exemplo nossa estrela vizinha, a Alfa-Centauro. Em números arredondados, ela fica a 5 anos-luz do Sol: a luz demora cinco anos de lá até aqui. Isso equivale a uma distância aproximada de 50 trilhões de quilômetros (5 x 1013km). Com tecnologias atuais, em que espaçonaves atingem velocidades de cerca de 50 mil km/h, demoraríamos em torno de 115 mil anos para chegar lá… Obviamente não será esse o caminho para descobrirmos se existe vida fora da Terra. Seria realmente fascinante se inteligências extraterrestres tivessem desenvolvido tecnologias capazes de cobrir essas distâncias com mais eficiência. Por que eles não vêm aqui nos explicar como se faz?

O jeito é procurarmos por vida remotamente. ETs que tivessem telescópios dotados com espectrógrafos poderiam analisar a composição química da atmosfera terrestre. Veriam a enorme quantidade de oxigênio e água; veriam ozônio, metano, óxido nitroso, e concluiriam que aqui existem ciclos de conversão de energia solar em metabolismo típico de seres vivos. Oxigênio, em particular, é um excelente sinal de vida. Em geral, quando presente, é rapidamente usado na oxidação de rochas. Livre, como por aqui, é prova de que algo o está produzindo com muita eficiência. Algo vivo.

Vários projetos futuros farão o mesmo; procurarão por vida na atmosfera de planetas girando em torno de outras estrelas. A vida, se existir, dependerá da estrela que lhe provê energia; estrelas mais fracas do que o Sol poderão ter plantas pretas, para fixar mais energia; nas mais fortes, as plantas terão de refletir parte da luz; nas estrelas que emitem muito ultravioleta, a vida terá que ser embaixo d’água para se proteger da radiação. Se vida busca vida, parece que somos nós que teremos que encontrá-la.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “A Harmonia do Mundo”
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Fonte: JFSP13JUL08mais!9
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1307200804.htm
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