Ação e Reação

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Ação e Reação

LEI DE AÇÃO E REAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO, PODE O HOMEM SOBREVIVER ÀS TRAGÉDIAS HUMANAS?
(21.02.09)

Por que determinadas pessoas escapam da morte em acidentes aéreos, naufrágios, incêndios e outras situações trágicas? Alguns explicam, superestimando os papéis da “sorte” e do destino; outros destacam o lugar da própria reação dos que se encontram em perigo real. Amanda Ripley, em o livro “Impensável – Como e Por que as Pessoas Sobrevivem a Desastres”, diz que “qualquer que seja o desastre, partimos praticamente do mesmo ponto e passamos por três fases distintas.” A primeira etapa é a da negação, na qual tentamos achar formas de provar para nós mesmos que aquilo não está acontecendo. A Segunda fase é a deliberação, fase em que notamos que algo está incrivelmente fora da ordem e passamos a ponderar sobre as opções possíveis. Por fim, com a aceitação do fato de que estamos em perigo e com a contemplação de soluções, chega a hora da fase final, a da ação. “(1)

Normalmente, diante do desfile de horrores decorrentes de uma tragédia, boa parte das vítimas fica, simplesmente, paralisada. Pesquisas recentes mostram que pessoas confiantes (dotadas de uma espécie de fé) tendem a se sair bem em catástrofes. Sua forma de pensar atenua os efeitos devastadores do medo extremo. Muitos que enfrentam crises, e se recuperam bem delas, tendem a contar com três vantagens: acreditam que podem influenciar o que acontece em sua volta; conseguem encontrar sentido no caos da vida moderna; estão convencidos de que podem aprender com as experiências, sejam elas boas ou ruins. Num processo contínuo de disciplina, quanto mais controle tivermos sobre as nossas reações e atitudes, maiores serão as chances de sairmos vivos de uma catástrofe, por exemplo, defendem os pesquisadores.

Alguns se referem ao destino como não sendo uma palavra vã. Crêem, dependendo da posição que ocupamos na Terra, e das funções que aqui desempenhamos em conseqüência do gênero de vida que escolhemos, ser expiação ou missão. Muitas vezes, parece que somos perseguidos por uma espécie de fatalidade, independente da maneira por que procedamos. São, no entanto, provas que nos cabe sofrer e que escolhemos antes de reencarnarmos. Todavia, lançamos à conta do fatalismo o que, na verdade, é, apenas, consequência de nossas próprias faltas, motivo pelo qual é urgente higienizarmos a consciência em meio aos deslizes morais que nos afligem, para alcançarmos uma efetiva harmonia íntima, que nos capacite enfrentar quaisquer desafios, inclusive tragédias.

Nunca há fatalidade nos atos da vida moral, mas, no que concerne à morte física, à desencarnação, achamo-nos submetidos, em absoluto, à inexorável lei da fatalidade, por não podermos escapar à sentença que nos marca o termo da existência, nem ao gênero de morte que haverá de cortar o fio da existência física. Ainda, sobre a fatalidade, lembremos que ela existe, unicamente, pelas provas requeridas por nós ou por proposta dos guias espirituais, antes da reencarnação, mas sempre de forma lucrativa para o espírito. Uma vez aceitas ou compulsoriamente estabelecidas, cria-se um calendário a ser cumprido, uma espécie de roteiro fatal para nós, que é a conseqüência mesma da posição em que nos achamos situados. Considerando, aqui, as provações a que somos submetidos, é de fundamental importância sabermos que elas podem mudar de curso, dependendo de como usamos o livre-arbítrio, se para o bem ou se para o mal, pois sempre somos senhores da nossa vontade, de ceder ou de resistir.

Uma coisa é importante discutir no debate, ou seja, a proteção espiritual. Ao nos depararmos fraquejando, um bom Espírito pode nos socorrer, mas, obviamente, sem influir sobre nós de maneira absoluta, ao ponto de dominar nossa vontade. Todos nós temos os nossos amigos protetores no além, lídimos guardiões, segundo as nossas condições evolutivas. Entretanto, é necessário lembrar que há uma hierarquia em todos os planos, tendo em vista que, quando o problema escapa à competência do espírito protetor, este solicita do seu superior a necessária intervenção. Todavia, os pormenores dos fatos que nos ocorrem, esses ficam subordinados às circunstâncias que criamos pelas experiências, sendo que, também, nessas circunstâncias, podemos ser influenciados pelos pensamentos que sugiram os bons Espíritos.

Não podemos acreditar que tudo o que nos sucede “esteja escrito” nas linhas do destino, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a conseqüência de um ato que praticamos por livre vontade, de tal sorte que, se não o houvéssemos praticado, o efeito poderia não se materializar. O fato de sermos surpreendidos, algumas vezes, em situação de perigo, constitui um mecanismo de alerta, endereçado pelos guias espirituais, a fim de nos desviarmos do mal e nos tornarmos melhores. Se escaparmos a esse perigo, quando ainda estivermos sob a impressão do risco que corremos, é sinal de que estamos sensíveis à influência dos Espíritos bons. Porém, se persistirmos rebeldes em não aceitarmos os convites superiores do bem, o obsessor, ou seja, o mau Espírito (digo mau, subentendendo o mal que ainda existe nele), vincula-se a nós, interferindo em nossas mentes, sugerindo-nos pensamentos depressivos, num processo perverso de vingança. Em verdade, através dos perigos que corremos, Deus nos adverte quanto à nossa fraqueza e a fragilidade da nossa existência. Se examinarmos a causa e a natureza do perigo, verificaremos que, quase sempre, suas conseqüências teriam sido a correção (punição?) de uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de um dever. Deus, por essa forma, exorta-nos a um mergulho na própria consciência a fim de retificar a caminhada.

Na vida, tudo tem uma razão de ser, nada ocorre por acaso conosco, ainda mesmo quando as situações se nos afigurem trágicas. Antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos de antanho, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até, porque, dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação, uma vez que a Lei de Causa e Efeito admite flexibilidade, quando o amor rege a vida, porque “o amor cobre uma multidão de pecados.” (2)

Como disse antes, “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só é o instante da morte” (3), pois, como disseram os Espíritos a Kardec: “quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada “te livrará” e frequentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá da terra”, “pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”.(4) Mais, ainda: “Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos”.(5) A fatalidade só existe como algo temporário, frente à nossa condição de imortais, com a finalidade de “retomada de rumo”. Fatalidade e destino inflexível não se coadunam com os preceitos kardecianos. Quem crê ser “vítima da fatalidade”, culpa somente o mundo exterior pelos seus sofrimentos e se recusa a admitir a conexão que existe entre ação e reação.

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net

FONTES:
1 Ripley, Amanda. “Impensável – Como e Por que as Pessoas Sobrevivem a Desastres, Rio de Janeiro: Editora Globo, 2008
2 Cf. Primeira Epístola de Pedro Cap. 4:8
3 Kardec, Allan.
O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, pergs. 851 a 867
4 idem
5 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979,
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Original:
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Honestidade

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Estudo da semana:

EXISTE O “MEIO HONESTO”, O “QUASE HONESTO”, O “MAIS OU MENOS HONESTO?”

“Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa”.Erasto(1)

Quando o tema diz respeito à HONESTIDADE de dirigentes e trabalhadores das hostes cristãs, o assunto é muito preocupante, ante as evidências. Uma delas, das mais dramáticas, refere-se a líderes religiosos que enriquecem – ficam milionários, eu diria -a custa do dinheiro arrecadado dos fiéis. Acresce-se, aqui, uma observação: Não sou o primeiro, o único, ou o último a divulgar esse cortejo de vícios, mas a Mídia, freqüentemente, anuncia e expõe tais fatos, francamente, abomináveis e com grande repercussão negativa. Proferimos palestras em vários centros sobre esse tema e destacamos da tribuna que o lídimo cristão é honesto em tudo que faz. Se alguém deve um centavo que seja, obrigatoriamente, tem que quitar esse débito com seu credor, por simples questão de honestidade.

Não se pode “fingir” que esqueceu a dívida. É indispensável haver transparência na prestação de contas, mensalmente, com os contribuintes da casa espírita. Cremos que é simples obrigação afixar, no ‘quadro de avisos’ ao público, a comprovação da correta aplicação dos recursos recebidos.

Os dirigentes que assim procedem vêem patenteadas a credibilidade da instituição que administram e a pureza de suas intenções. Por outro lado, evitam-se rumores, do tipo: -“fulano(a) está cada vez mais rico(a)”; -“sicrano(a) construiu uma mansão com o dinheiro doado ao centro” e, -“beltrano(a) comprou um carro do ano, caríssimo”, olhem só pra isso! Lembramos que certa vez após uma palestra sobre o incômodo tema, houve rumores nos corredores do centro, alguns dirigentes espíritas me arremessaram uma saraivada de ‘chumbo grosso’ (em nossa ausência, é claro!) e sutilmente, proscreveram-nos da escala de oradores.

Essa decisão em nada nos afetou, mesmo porque isso implicaria em que admitíssemos contemporizar com as suas artimanhas obscuras com dinheiro dos outros.

Confessamos que nos surpreendemos com alguns deles, totalmente desarmonizados (aqueles que dissimulam gestos de santidade, palavras mansas, olhar de superioridade, julgam-se donos da verdade, etc., etc., etc..) ditando normas de conduta, que nem mesmo eles têm suporte doutrinário para exemplificá-las. É uma pena. E o pior é que estão todos lá como se nada tivesse acontecido. Estão com as mentes narcotizadas na ilusão de que são missionários.

Será que os meios justificam os fins, quando os dirigentes são omissos quanto a prestar contas? Se não devem, não têm o que temer, não é verdade?

É evidente que ficamos atônitos e envergonhados quando sabemos, pela imprensa, que algumas instituições “filantrópicas” desviam recursos, emitem recibos forjados de falsas doações, etc..

Há centros que dão, até, uma ‘ajudazinha’ aos confrades, driblando o Imposto de Renda retido na Fonte… imaginem! Instituições outras recebem, à guisa de doações, roupas, calçados, alimentos, eletrodomésticos, etc., e os dirigentes se apropriam delas, com a maior naturalidade.

Temos conhecimento de instituições que aceitam doações, até, de objetos valiosos e que os dirigentes se apropriam dos melhores, é claro, antes de os exporem em bazares ditos “beneficentes”, objetivando arrecadar fundos para obras “assistenciais”.

Daí, pergunto: isso é fruto da minha imaginação? Será que estamos obsedados abordando o tema? Não, meus irmãos.

Estamos completamente conscientes da responsabilidade cristã. A prudência continua sendo a nossa melhor conselheira. Intimidar-nos, para que desanimemos da tarefa de divulgar a Doutrina Espírita, conforme a recebemos do espírito “Verdade”, através de Kardec, é tempo perdido.

Recordamos , ainda, que os “proprietários” de alguns centros – centros esses, que os donos se eternizam nas alternâncias da direção – que na ocasião ouviram a nossa palestra, sobre o teminha instigante, fizeram um grande barulho na consciência, ficaram alvoroçados, realizaram reuniões solenes e privadas, é claro, para avaliarem a obsessão que tomou conta do orador.

Ah! Ele está sendo muito influenciado pelas trevas, pois ele não está respeitando os que buscam o centro espírita pela primeira vez, ao dar tanta ênfase à desonestidade.

Oh! Podem pensar, até, que a mensagem é para a nossa diretoria.

É imperioso salientar que não fazemos uso da palavra para proferir mensagens espíritas direcionadas para a instituição A, B, ou C, e muito menos com o intuito de denegrir a sua imagem. Dirigimo-nos a todas, indistintamente, como alerta geral. Difundimos os conceitos sem privilegiar esse ou aquele grupo espírita, mas por questão de consciência ética, acreditamos que um autêntico espírita tem que ser fiel aos princípios que a doutrina impõe e saber que HONESTIDADE é prática OBRIGATÓRIA (com letra maiúscula, mesmo!) para todo ser humano, que dirá, para um cristão (?) Não conseguimos ver lógica num homem “meio honesto”, “quase honesto” ou “mais ou menos honesto”. Ou se é honesto, ou desonesto, não há meio termo. Seja sua palavra sim! sim! – não! Não! Ensinou-nos Jesus. Portanto, que seja, definitivamente exorcizada toda e qualquer evasiva, que tente justificar concessões fraudulentas, como se fossem normais para certas ocasiões.

As falanges das trevas se organizam para obstruir muitos projetos cristãos. Os obsessores são inteligentes, organizados e vão dando um passo de cada vez, por conhecerem muito bem nossos pontos vulneráveis. Nesse caso, não cremos que advertir sobre a obrigatoriedade da conduta honesta seja artimanha das trevas, mas sim que o ideal espírita seja cada vez mais ético, transparente consoante os preceitos evangélicos …

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
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Inumar ou cremar?

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Inumar ou cremar, eis a questão

Jorge Hessen

Assessor/Superintendência do Inmetro em Goiás

A despeito de ser praticada desde a mais remota antiguidade, a cremação (incineração de um cadáver até reduzi-lo a cinzas) é assunto controverso na opinião da sociedade contemporânea ocidental. Em eras recuadas, a prática da cremação provinha de duas razões diferentes: a necessidade de trazer de volta os guerreiros mortos, para receberem sepultura em sua pátria, como sói ocorrer entre os gregos; ou de fundamentos religiosos, como entre os nórdicos, que criam assim libertar o Espírito de seu arcabouço físico e evitar que o desencarnado pudesse causar danos aos encarnados.

Em Roma, quiçá, devido ao ritual adotado para queimar os corpos dos soldados mortos, a cremação se transformou em símbolo de prestígio social, de tal forma que a construção de columbários tornou-se negócio rentável. De longa data, os indianos e outros povos reencarnacionistas sabem que o corpo físico, uma vez extinto, não mais pode ser habitado por um Espírito, pois isso contraria a Lei Natural; portanto, o cadáver poderá ser cremado, transformado em cinzas, sem qualquer processo traumático.

As obras da codificação espírita nada dizem a respeito da cremação. Por isso, cremos que o problema da incineração do corpo merece mais demorado estudo entre nós. Até porque, se para uns o processo crematório não repercute no Espírito, para muitos outros, por trás de um defunto, muitas vezes, esconde-se a alma inquieta e sofrida, sob estranhas indagações, na vigília torturada ou no sono repleto de angústia.

Existem correntes ideológicas avessas à cremação, quase sempre embaladas por motivo de ordem médico-legal (nos casos estabelecidos em lei, quando envolva morte violenta, por interesse público); ou movida por razão de ordem afetiva (porque os familiares acham uma violência a incineração do corpo e querem preservar os restos mortais para culto ao morto); ou, ainda impulsionada pela lógica de ordem religiosa (porque muitas pessoas ainda acreditam na ressurreição do corpo etc.), principalmente porque a Igreja de Roma era contra o ato e até negava o sacramento às pessoas cremadas. Poderíamos, ainda, acrescentar mais uma objeção – talvez a mais séria: o desconhecimento das coisas do Espírito, que persiste, em grande parte, por medo infundido, preconceito arraigado e falta de informação. Enquanto os profitentes do enterro tradicional (inumação) o defendem por aguardarem o juízo final e a ressurreição do corpo físico, os que defendem a cremação, afirmam que o enterramento tem consequências sanitárias e econômicas, e nesse raciocínio explicam que os cemitérios estariam causando sérios danos ao meio ambiente e à qualidade de vida da população em geral. Laudos técnicos atestam que cemitérios contaminam a água potável que passa por eles e conduz sério risco de saúde humana às residências das proximidades, além das águas de nascentes, podem também contaminar quem reside longe dos cemitérios.

O planeta tem seus limites espaciais, o que equivale dizer que bilhões e bilhões de corpos enterrados vão encharcar o solo, invadir as águas com o necrochorume (líquido formado a partir da decomposição dos corpos que atacam a natureza, as quais provocariam doenças), disseminando doenças e outros riscos sobre os quais sanitaristas e pesquisadores têm se preocupado. Por outro lado, o uso da cremação diminuiria os encargos básicos econômicos, como, por exemplo: adquirir terreno para construir jazigo; a manutenção das tumbas; nas grandes capitais falta de espaço para construir cemitérios etc. Pelo menos em relação ao nosso País, fiquemos, por enquanto, sossegados, pois, como lembra Chico Xavier “ainda existe bastante solo no Brasil e admitimos, por isso, que não necessitamos copiar apressadamente costumes em pleno desacordo com a nossa feição espiritual”.

Sob o enfoque espiritual o assunto é mais complexo quando consideramos que muitas vezes “o Espírito não compreende a sua situação; não acredita estar morto, sente-se vivo. Esse estado perdura por todo o tempo enquanto existir um liame entre o corpo e o perispírito. O perispírito, desligado do corpo, prova a sensação; mas como esta não lhe chega através de um canal limitado, torna-se generalizado. Poderíamos dizer que as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o seu ser, chegando assim ao seu sensorium commune , que é o próprio Espírito, mas de uma forma diversa.

Ressalta Kardec: “Nos primeiros momentos após a morte, a visão do Espírito é sempre turva e obscura, esclarecendo-se à medida que ele se liberta e podendo adquirir a mesma clareza que teve quando em vida, além da possibilidade de penetrar nos corpos opacos”. Dessa forma, o homem que tivesse vivido sempre sobriamente se pouparia de muitas tribulações e menos sentirá as sensações penosas. Portanto, para ele, que vive na Terra tão- somente para o cultivo da prática do bem, nas suas variadas formas e dentro das mais diversas crenças, a desencarnação não significa perturbações em face de sua consciência elevada e do coração amante da verdade e do amor.

Ao ser indagado se o recém-desencarnado pode sofrer com a incineração dos despojos cadavéricos, Emmanuel respondeu: “Na cremação, faz-se mister exercer a caridade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o ‘tônus vital’, nas primeiras horas sequentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material.”

Chico Xavier, ao ser questionado no programa Pinga Fogo, da extinta TV Tupi, de São Paulo, pelo jornalista Almir Guimarães, quanto à cremação de corpos que seria implantada no Brasil, à época, explicou: “Já ouvimos Emmanuel a esse respeito, e ele diz que a cremação é legítima para todos aqueles que a desejem, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio.” (grifamos), porém, Richard Simonetti, em seu livro Quem tem Medo da Morte lamenta que “nos fornos crematórios de São Paulo, espera-se o prazo legal de 24 horas, inobstante o regulamento permitir que o cadáver permaneça na câmara frigorífica pelo tempo que a família desejar”. Nesse caso o prazo poderia ser maior.

O Espiritismo não recomenda nem condena a cremação. Mas, faz-se necessário exercer a piedade com os cadáveres, protelando por mais tempo a incineração das vísceras materiais, pois existem sempre muitas repercussões de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se esvaiu o “fluido vital”, nas primeiras horas sequentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material. A impressão da desencarnação é percebida, havendo possibilidades de surgir traumas psíquicos. Destarte, recomenda-se aos adeptos da Doutrina Espírita que desejam optar pelo processo crematório prolongar a operação por um prazo mínimo de 72 horas após o desenlace.

Jorge Hessen é espírita há 33 anos.
http://jorgehessen.net
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Fonte:
http://www.dm.com.br/impresso/7798/opiniao/66
867,inumar_ou_cremar_eis_a_questao
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