Mística e Espiritualidade

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Mística e Espiritualidade
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Leonardo Boff

Quando some o horizonte de sentido, quando se apagam as estrelas guias, emerge o fenômeno religioso no ser humano.

A cultura agrária sempre foi religiosa. Agora os discípulos dos mestres da suspeita ( Freud, Marx, Nietze ) estão se voltando para a religião.

Religião vem de religare. Religar com a fonte original, resgatar as questões fundamentais: de onde viemos, para onde vamos, quem somos, qual o nosso lugar no universo.

Pela primeira vez na história da consciência humana, estamos buscando um horizonte que faça sentido a nível mundial. Através de uma atitude filosofante, estamos buscando a verdade última.

Estamos vivendo um momento de virada civilizacional, perguntando qual é o sentido da aventura tecno-econômica iniciada no ocidente e agora mundializado.

A técnica tornou-se instrumento de projeto civilizacional, destruindo a alteridade.

O desenvolvimento tecnológico puro e simples não está sendo benéfico. Cerceou a natureza levando-a a seus limites e está destruindo as oportunidades de trabalho.

A lógica capitalista está destruindo os dois pilares que a sustentam: a natureza e a força de trabalho.

Nosso destino não está garantido. A terra não suporta o infinito de produção para atender o infinito da carência humana. O ser humano é um ser de carência, o desejo humano é infinito.

Por isso o ser humano está se redefinindo, religando com a dimensão mística e religiosa, dimensões esquecidas por serem incompatíveis com a dimensão ter, possuir, acumular, consumir.

Mística vem de MYSTERION, que significa o caráter escondido das coisas. Viver o místico é o desafio de atingir o mistério humano, é viver o manejo da vida em sua totalidade.

O ser humano é um ser capaz de dar significado às coisas, capaz de ver além do material. Dentre os místicos, os poetas é que estão mais próximos desta realidade.

O ser humano é um ser de sentimentos, sonhos, ideais, utopias, poesia, esperança, genialidade, beleza e amor.

O ser humano se completa no imaginário que faz parte de sua realidade.

O ser humano, enraizado neste mundo, está para além deste mundo.

O novo ser humano emerge com universos interiores, com experiências de retorno à fonte, ao seu centro.

A experiência de retorno à fonte estanca as trevas em que vive o homem de hoje.

Entretanto, a viagem interior descortina um universo a ser domesticado.

Nosso corpo é feito de partículas tão velhas quanto o universo. Somos frutos da ação do caos regenerativo do universo, gerando um ser de consciência, questionamentos e intencionalidade.

Isto dá ao ser humano um caráter excepcional e uma centralidade no universo. O ser humano emerge do universo e tem lugar no universo.

O ser humano é tocado pela divindade. A mística não nos é dada. Estamos nela. O ser humano é capaz de dialogar com o seu profundo, de ritualizar, de transcender.

Esta é a nova consciência que está surgindo, gerando o fenômeno místico religioso que nos levará a um mundo reconciliado.
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Acervo do Leal:
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Bens da Alma

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Bens da Alma

“De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a própria alma?”
Jesus Cristo

Afinal, o que é a vida?
O que é o mundo?
Qual a essência da alma que nosso corpo acolhe, e que, conforme o amado Mestre, é mais preciosa que o mundo inteiro?…

De que adiantará, ensinou Ele há dois mil anos, ganharmos o mundo inteiro, e, no entanto, perdermos a nossa própria essência?…

Sabedoria é viver segundo o Espírito, eleger a Vida.

Uma vida inteira, uma vida plena, requer
cuidados com o corpo, a mente e a alma.

Os jornais do mundo, tão repletos de notícias.

Num mundo cada vez mais envolto
em informações vivemos.

E, no entanto, tão pouco tempo à aquisição de conhecimento e sabedoria destinamos….

Com as pernas do corpo nos deslocamos, porém sem as asas do espírito jamais nos elevaremos.

As miríades de possibilidades que todo ser humano leva no coração.
Sonhos, devaneios, planos e projetos, amores, alegrias, esperanças…

“Diga-me quais são as aspirações que regem os teus dias e as tuas horas, e eu te direi quem és”, já diziam os sábios antigos.

Quais as aspirações que regem os teus dias, e que te motivam a acordar a cada manhã e enfrentar mais um dia de labuta e trabalho?…

Dentre todos os seres viventes, somos os únicos a andar sobre a superfície da terra com a coluna ereta.

Pequeninos elos destinados a unir o Céu e a Terra.

Antes de sermos filhos e filhas dos nossos pais biológicos, somos filhos e filhas do Céu e da Terra é o que somos.

“E como tenho correspondido a esta filiação celestial?” é a pergunta que deve norteara nossa vida terrena
– tão breve, tão pequena, e tão bela.

Realizar ao fim de cada dia a contabilidade interior, a fim de certificar
se foi um dia de ganhos ou de perdas
espirituais.

Ganhamos o dia, acaso nela encontrarmos Amor, Compaixão, Pureza de Coração, Bondade, Perdão, Caridade e Serviço, Humanidade e Justiça.

Aproveitar as breves e incertas horas da jornada terrena para aperfeiçoarmos a essência que em nós habita.

Da mesma forma como a espuma das ondas do mar é absorvida velozmente
pelas areias da praia,…
…os dias, meses e anos da vida terrena passarão, e descobriremos que os únicos bens que realmente nos pertencem são os bens imateriais que acumulamos.

O Amor e a Justiça, a Caridade, a Bondade, a Pureza, o Perdão e a Compaixão…

O despertar contemplativo que nos recorda dos mistérios do coração e nos rememora para os segredos da alma.

Os nossos sonhos por realizar, ideais mobilizadores e luminosas utopias…

O céu, o mar e a praia;
O incansável fluir dos entardeceres, noites e dias.

As Bem-aventuranças a serem buscadas, merecidas, conquistadas;
O Eterno que nos convoca, acalenta
e espera…

Eternidade.
Eterna idade.
Onde a vida é terna…

“Há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma vida distraída das coisas essenciais…”

“É preciso remover tais cinzas e despertar a chama sagrada.
E então irradiaremos.
Seremos como um sol…”
Leonardo Boff

Formatação:
um_peregrino@hotmail.com

Colaboração:
Daniela Marchi
Araçatuba-SP

Publicado em: SinapsesLinks
http://sinapseslinks.blogspot.com/

Dalai Lama e Leonardo Boff

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Dalai Lama e Leonardo Boff

Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama.

Leonardo Boff explica:

“No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
– “Santidade, qual é a melhor religião?”

Esperava que ele dissesse:
“É o budismo tibetano” ou “São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo.”

O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos
– o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia
contida na pergunta – e afirmou:
“A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito”.
É aquela que te faz melhor.”
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
– “O que me faz melhor?”
Respondeu ele:
-“Aquilo que te faz mais compassivo” (e aí senti a ressonância tibetana, budista,
taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado,
mais amoroso, mais humanitário, mais responsável… Mais ético…
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião…”

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje
estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável…
Não me interessa amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião.
O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo…

Lembremos:
“O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos”.
A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se ajo com o mal, receberei o mal.
Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade:
“terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros”.
Para muitos, ser feliz não é questão de destino. É de escolha.
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Colaboração:
Telma Canettieri Ferrari
Pindamonhangaba-SP
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Igreja Católica

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Igreja Católica

19/05/2007 – 13h24
Bento XVI é estratégia anti-reformista de Igreja em crise, diz Leonardo Boff

Lucía Guerrero Granada (Espanha), 19 mai 07 (EFE).- A escolha do Papa Bento XVI diz respeito a uma estratégia anti-reformista por parte da Igreja Católica, segundo o teólogo brasileiro Leonardo Boff, que defende romper o sistema patriarcal e clerical desta instituição para atenuar a “profunda crise” na qual está imersa.

Boff, da corrente da Teologia da Libertação – que defende de maneira ativa os pobres e os excluídos – visitou a cidade espanhola de Granada, onde pronunciou uma conferência sobre a crise ecológica do planeta.

Neste encontro, Boff deu sua visão sobre a situação da Igreja Católica.

Neste sentido, disse que o alemão Joseph Ratzinger, que já o impôs silêncio por sustentar a Teologia da Libertação, “não mudou nada”, já que, como Papa, continua representando a figura do cardeal que era, “a imagem de uma Igreja que tem um rosto mais de mãe severa que de uma que fala e aconselha”.

Para este ex-franciscano, que renunciou ao sacerdócio em 1992, a escolha de Bento XVI é um confronto com a modernidade, já que, enquanto “outros papas, como João XXIII, estabeleceram um diálogo com o mundo moderno”, Ratzinger “não contribuiu com nada” no modelo do Governo da Igreja, mas “radicalizou suas posturas”.

Os discursos de Bento XVI aludem à moral familiar e “repetem a conhecida lição contra o aborto ou os anticoncepcionais”, disse.

Neste sentido, o teólogo brasileiro aludiu à profunda crise na Igreja Católica, que perdeu 20 milhões de fiéis nas duas últimas décadas, “gente que se sente cristã, mas que emigra espiritualmente, porque não se identifica com esta instituição”, afirmou.

Boff criticou a atitude de Bento XVI neste assunto, já que, segundo ele, para resistir a esta crise propõe evangelizar mais fiéis e ensiná-los a catequese, uma medida que qualificou de abstrata e longe da realidade, porque “para isso são necessários padres, e não os há”.

Para este escritor e filósofo, a Igreja Católica – à qual criticou por “deixar o laico abaixo e a mulher à margem” – deve entrar em uma fase de profundas mudanças, para modificar seu sistema de “patriarcado autoritário espiritual” e para ser uma instituição menos clerical.

Boff também disse que o celibato deve ser uma opção de liberdade para os padres, e não um uma imposição, uma medida que considerou fundamental para evitar que a Igreja Católica “continue perdendo seu lugar na sociedade, até entrar em uma crise crepuscular e agônica”.

O teólogo, que se confessou católico, apostólico e franciscano, culpou a Igreja de ser cúmplice da crise ecológica na qual, segundo ele, o planeta está imerso.

Para Boff, a instituição eclesiástica interpretou mal o conceito de “herdeiro e jardineiro” da terra exposto no segundo capítulo do Gênesis, uma leitura que “justifica” a dominação do ser humano sobre o planeta.

“A Teologia da Libertação é a opção pelos pobres, contra a pobreza e a favor da vida, mas agora o grande pobre explorado e devastado é a terra”, argumentou o ex-franciscano, que defendeu a necessidade de libertar o planeta de um sistema que explora todos seus recursos naturais de forma desigual.
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Fonte:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/05/19/ult1766u21766.jhtm

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