Estudando o Espiritismo

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20090407_estudando_espiritismo
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Estudando o Espiritismo
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O tema acima nos chama, logo de início, a algumas reflexões: O que é estudar? O que é espiritismo?

Segundo o dicionário Aurélio, o verbete estudo significa, entre outras coisas: Aplicação do espírito para aprender. Seria o voltar-se, com dedicação, para um objeto que é foco de nossa atenção, debruçando-se sobre ele para entendê-lo.

Qual seria esse objeto, no nosso caso? Seria o Espiritismo.

No livro O que é o Espiritismo, Kardec (sobre quem também nos debruçaremos mais adiante) traz: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”.

“Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós” é o que nos alerta Kardec, no Livro dos Espíritos.

Como podemos, então, estudar o Espiritismo?

Será que basta pegarmos um livro e abrir ao acaso, lendo uma mensagem ou uma pequena parte? Kardec (ainda no Livro dos Espíritos, Introdução) contribui também para essa reflexão: “Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado.” E continua: “Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das idéias. Que adiantará aquele que, ao acaso, dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignore? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa-vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória.”

Assim, nossa proposta, nesse espaço proporcionado pela Internet e pelo C.E.C.A., é desenvolvermos juntos uma forma organizada e sistemática de estudar o Espiritismo.

Claro que essa não é a única forma, mas é uma opção viável para tal empreendimento.

O material aqui apresentado será basicamente extraído das Obras Básicas, de Kardec, sempre entre aspas e com referência bibliográfica, para que haja possibilidade de aprofundamento do leitor no texto citado.

E para começar, propomos estudar primeiro sobre como surgiu o Espiritismo, o que estava acontecendo no mundo quando ele surgiu, quem estava à frente desse movimento, e como ele aconteceu. Vamos conhecer Kardec, quem era, o que fez e como fez para codificar a Doutrina Espírita. Em seguida, partiremos para o estudo dos princípios básicos do Espiritismo (Deus, imortalidade, reencarnação, comunicabilidade entre os espíritos, pluralidade dos mundos habitados), buscando conhecê-los a partir das explicações de Kardec e de exemplos concretos. As Leis Divinas, fundamentais para a compreensão das relações que movem o mundo em que vivemos, vem na seqüência.

Prontos para embarcar nessa proposta?

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O INÍCIO

Quando Kardec ouviu falar pela primeira vez das mesas girantes (passatempo baseado em manifestações que atraíram a atenção das pessoas na Europa) respondeu ao seu amigo:

– Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé.¹

Para que possamos entender essa “resistência” de Kardec, temos que voltar no tempo e encontrá-lo ainda menino, estudioso e atento à lição de seu mestre Pestalozzi. Voltando mais ainda, saberemos que Kardec se chamava na verdade Léon-Hippolyte-Denizart Rivail, nasceu em Lião, na França, em 1804, numa família que pode encaminhá-lo para os estudos da ciência e filosofia.

Numa época conhecida como o século das revoluções, num ambiente em que a ciência aparecia e ia ganhando seu espaço contra o misticismo e fanatismo, este menino cresceu. Teve a oportunidade de estudar em Yverdon, com Pestalozzi, importante educador na época e que até hoje é reconhecido como pioneiro na reforma educacional, com seu método pedagógico que parte do mais simples ao mais complexo.

Assim o menino foi crescendo e se destacando, passando muitas vezes a auxiliar seu mestre na função do ensino. Tornou-se educador como ele, foi para Paris lecionar e fazia traduções de obras inglesas e alemãs para o francês.

Com apenas 18 anos escreveu seu primeiro livro (Curso Prático e Teórico de Aritmética)² voltado para propiciar aos estudantes o conhecimento. Esse jovem professor enumerou, neste primeiro trabalho, alguns princípios a serem seguido na educação: Valorizar a observação das crianças; cultivar a inteligência para que o aluno descubra por si mesmo as regras; evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz; só deixar à memória aquilo que a inteligência já conquistou. Produziu outras obras, fundou uma escola, casou-se, continuou lecionando, pesquisando e fazendo projetos para a reforma do ensino francês.

Com este espírito científico e sério, já é possível compreender sua frase quando soube daquela brincadeira européia que atraía nobres aos salões desde 1853: as mesas girantes. Vários grupos de experimentadores se formaram, muitos com o intuito apenas de se divertir. Daquelas primeiras atividades, que poderiam ser atribuídas apenas ao magnetismo, surge a brincadeira de se fazer perguntas às mesas, que passaram a responder através de códigos, como por exemplo duas pancadas para sim, uma pancada para não.

Foi convidado a participar dessas reuniões diversas vezes, não aceitava. Mas em 1855, como foi convidado por pessoas sérias que viam ali mais do que uma mera brincadeira, o professor começa a frequentar essas reuniões, sem contudo, deixar seu espírito investigador de lado.

Como ele mesmo diz: Foi ali que fiz os meus primeiros estudos sérios sobre espiritismo, não tanto pelas revelações, como pelas observações.³

Na seqüência vamos ver como se deu, então, a codificação espírita; como Kardec, a partir desse encontro com os fenômenos espíritas, organizou as obras básicas.

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Referências Bibliográficas

1. AUDI, E. Vida e Obra de Allan Kardec. RJ: Lachâtre, 1999, p.46.

2. WANTUIL, Z. & THIESEN, F. Allan Kardec. RJ: FEB, 1979, p. 85

3. KARDEC, A. Obras Póstumas, SP: LAKE, 1998. p. 217
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Autora:
Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
São Paulo-SP

Estudando o Espiritismo

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ESTUDANDO O ESPIRITISMO
Estudo de: Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves

O tema acima nos chama, logo de início, a algumas reflexões: O que é estudar? O que é espiritismo?

Segundo o dicionário Aurélio, o verbete estudo significa, entre outras coisas: Aplicação do espírito para aprender. Seria o voltar-se, com dedicação, para um objeto que é foco de nossa atenção, debruçando-se sobre ele para entendê-lo.

Qual seria esse objeto, no nosso caso? Seria o Espiritismo.

No livro O que é o Espiritismo, Kardec (sobre quem também nos debruçaremos mais adiante) traz: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”.

“Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós” é o que nos alerta Kardec, no Livro dos Espíritos.

Como podemos, então, estudar o Espiritismo?

Será que basta pegarmos um livro e abrir ao acaso, lendo uma mensagem ou uma pequena parte? Kardec (ainda no Livro dos Espíritos, Introdução) contribui também para essa reflexão: “Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado.” E continua: “Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das idéias. Que adiantará aquele que, ao acaso, dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignore? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa-vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória.”

Assim, nossa proposta, nesse espaço proporcionado pela Internet e pelo C.E.C.A., é desenvolvermos juntos uma forma organizada e sistemática de estudar o Espiritismo.

Claro que essa não é a única forma, mas é uma opção viável para tal empreendimento.

O material aqui apresentado será basicamente extraído das Obras Básicas, de Kardec, sempre entre aspas e com referência bibliográfica, para que haja possibilidade de aprofundamento do leitor no texto citado.

E para começar, propomos estudar primeiro sobre como surgiu o Espiritismo, o que estava acontecendo no mundo quando ele surgiu, quem estava à frente desse movimento, e como ele aconteceu. Vamos conhecer Kardec, quem era, o que fez e como fez para codificar a Doutrina Espírita. Em seguida, partiremos para o estudo dos princípios básicos do Espiritismo (Deus, imortalidade, reencarnação, comunicabilidade entre os espíritos, pluralidade dos mundos habitados), buscando conhecê-los a partir das explicações de Kardec e de exemplos concretos. As Leis Divinas, fundamentais para a compreensão das relações que movem o mundo em que vivemos, vem na seqüência.

Prontos para embarcar nessa proposta?

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O INÍCIO

Quando Kardec ouviu falar pela primeira vez das mesas girantes (passatempo baseado em manifestações que atraíram a atenção das pessoas na Europa) respondeu ao seu amigo:

– Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé.¹

Para que possamos entender essa “resistência” de Kardec, temos que voltar no tempo e encontrá-lo ainda menino, estudioso e atento à lição de seu mestre Pestalozzi. Voltando mais ainda, saberemos que Kardec se chamava na verdade Léon-Hippolyte-Denizart Rivail, nasceu em Lião, na França, em 1804, numa família que pode encaminhá-lo para os estudos da ciência e filosofia.

Numa época conhecida como o século das revoluções, num ambiente em que a ciência aparecia e ia ganhando seu espaço contra o misticismo e fanatismo, este menino cresceu. Teve a oportunidade de estudar em Yverdon, com Pestalozzi, importante educador na época e que até hoje é reconhecido como pioneiro na reforma educacional, com seu método pedagógico que parte do mais simples ao mais complexo.

Assim o menino foi crescendo e se destacando, passando muitas vezes a auxiliar seu mestre na função do ensino. Tornou-se educador como ele, foi para Paris lecionar e fazia traduções de obras inglesas e alemãs para o francês.

Com apenas 18 anos escreveu seu primeiro livro (Curso Prático e Teórico de Aritmética)² voltado para propiciar aos estudantes o conhecimento. Esse jovem professor enumerou, neste primeiro trabalho, alguns princípios a serem seguido na educação: Valorizar a observação das crianças; cultivar a inteligência para que o aluno descubra por si mesmo as regras; evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz; só deixar à memória aquilo que a inteligência já conquistou. Produziu outras obras, fundou uma escola, casou-se, continuou lecionando, pesquisando e fazendo projetos para a reforma do ensino francês.

Com este espírito científico e sério, já é possível compreender sua frase quando soube daquela brincadeira européia que atraía nobres aos salões desde 1853: as mesas girantes. Vários grupos de experimentadores se formaram, muitos com o intuito apenas de se divertir. Daquelas primeiras atividades, que poderiam ser atribuídas apenas ao magnetismo, surge a brincadeira de se fazer perguntas às mesas, que passaram a responder através de códigos, como por exemplo duas pancadas para sim, uma pancada para não.

Foi convidado a participar dessas reuniões diversas vezes, não aceitava. Mas em 1855, como foi convidado por pessoas sérias que viam ali mais do que uma mera brincadeira, o professor começa a freqüentar essas reuniões, sem contudo, deixar seu espírito investigador de lado.

Como ele mesmo diz: Foi ali que fiz os meus primeiros estudos sérios sobre espiritismo, não tanto pelas revelações, como pelas observações.³

Na seqüência vamos ver como se deu, então, a codificação espírita; como Kardec, a partir desse encontro com os fenômenos espíritas, organizou as obras básicas.

Referências Bibliográficas

1. AUDI, E. Vida e Obra de Allan Kardec. RJ: Lachâtre, 1999, p.46.

2. WANTUIL, Z. & THIESEN, F. Allan Kardec. RJ: FEB, 1979, p. 85

3. KARDEC, A. Obras Póstumas, SP: LAKE, 1998. p. 217
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Autora:
Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
Acervo do Leal:
C:#1_Leal1_WPD200920090407WPD_EstudandoEspiritismo

Evoluir

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Evoluir

“a doutrina espírita faz (…) ressaltar a necessidade do melhoramento individual”.¹

Através do conhecimento da Doutrina Espírita sentimos que temos um trunfo em nossas mãos: o roteiro para chegarmos lá, num futuro de paz e fraternidade…

Interessante é observar qual o caminho para se atingir esse objetivo, traçado pelo próprio Kardec¹: “Dando a prova material da existência e da imortalidade da alma, iniciando-nos nos mistérios do nascimento, da morte, da vida futura, da vida universal, tornando palpáveis as conseqüências inevitáveis do bem e do mal, a doutrina espírita faz (…) ressaltar a necessidade do melhoramento individual. Por ela, o homem sabe donde vem e para onde vai, e por que está na Terra; o bem tem um fim, uma utilidade prática”.

O que se depreende deste texto citado é que este sentimento da necessidade do melhoramento individual é resultado do conhecimento sobre os mistérios da vida e da morte, das conseqüências do bem e do mal em cada um de nossos atos.

O estudo para a apropriação desse conhecimento é fundamental. Pode-se argumentar que basta agirmos segundo nossa consciência para acertarmos o rumo. Mas, por que não expandir essa consciência?

Na pergunta 780-a, do Livro dos Espíritos², Kardec indaga: Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral? A resposta é clara: Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.

Ressalta-se também que esse não é um processo cujos resultados aparecerão somente lá na frente, ou seja, quando eu achar que já aprendi o bastante. Ao contrário, os efeitos vão aparecendo ao longo do próprio debruçar-se sobre o objeto do estudo, afetando tanto a quem aprende como às pessoas à sua volta. Kardec também já nos alertara que o Espiritismo não forma o homem somente para o futuro, forma-o também para o presente e para a sociedade.¹

Assim, o trabalho para a nossa evolução – bem como para o progresso de todo o nosso grupo social – começa agora, a partir da busca de condições que nos propiciem entender melhor as leis que tudo regem, seu funcionamento e nossa inserção nesse todo.

Ao mesmo tempo partimos, conscientemente, para a busca dessa transformação em nós, no dia a dia, nas pequenas coisas do cotidiano, como: não jogar papel de bala no chão, não passar no sinal vermelho, não burlar o imposto de renda, respeitar a todos sempre, não usar indevidamente qualquer objeto que não nos pertença… E aí vai uma série de atitudes que, quanto mais presentes estiverem nas pessoas, mais próximos estaremos de uma verdadeira revolução em nosso planeta, aquela que começa a partir do melhoramento de cada um.

É assim que podemos ir fazendo nossa parte, agindo e entendendo – pelo conhecimento das leis divinas – porque cada atitude dessa é importante numa sociedade que reúne tantas pessoas num objetivo comum: o progresso e bem estar de todos. Kardec, em Obras Póstumas¹, conclui: Pelo melhoramento moral os homens preparam na Terra o reino da paz e da fraternidade.

Referências Bibliográficas:
1.ALLAN KARDEC, Obras Póstumas, LAKE, 2ª Parte, Credo Espírita, pág.292.
2.ALLAN KARDEC, O Livro dos Espíritos, LAKE, pergunta 780a.
Fonte: Verdade e Luz, edição nº 244, Maio de 2006
Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
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Fonte:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=344908
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Estudando o Espiritismo

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ESTUDANDO O ESPIRITISMO

Estudo de: Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves

O tema acima nos chama, logo de início, a algumas reflexões: O que é estudar? O que é espiritismo?

Segundo o dicionário Aurélio, o verbete estudo significa, entre outras coisas: Aplicação do espírito para aprender. Seria o voltar-se, com dedicação, para um objeto que é foco de nossa atenção, debruçando-se sobre ele para entendê-lo.

Qual seria esse objeto, no nosso caso? Seria o Espiritismo.

No livro O que é o Espiritismo, Kardec (sobre quem também nos debruçaremos mais adiante) traz: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”.

“Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós” é o que nos alerta Kardec, no Livro dos Espíritos.

Como podemos, então, estudar o Espiritismo?

Será que basta pegarmos um livro e abrir ao acaso, lendo uma mensagem ou uma pequena parte? Kardec (ainda no Livro dos Espíritos, Introdução) contribui também para essa reflexão: “Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado.” E continua: “Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das idéias. Que adiantará aquele que, ao acaso, dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignore? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa-vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória.”

Assim, nossa proposta, nesse espaço proporcionado pela Internet e pelo C.E.C.A., é desenvolvermos juntos uma forma organizada e sistemática de estudar o Espiritismo.

Claro que essa não é a única forma, mas é uma opção viável para tal empreendimento.

O material aqui apresentado será basicamente extraído das Obras Básicas, de Kardec, sempre entre aspas e com referência bibliográfica, para que haja possibilidade de aprofundamento do leitor no texto citado.

E para começar, propomos estudar primeiro sobre como surgiu o Espiritismo, o que estava acontecendo no mundo quando ele surgiu, quem estava à frente desse movimento, e como ele aconteceu. Vamos conhecer Kardec, quem era, o que fez e como fez para codificar a Doutrina Espírita. Em seguida, partiremos para o estudo dos princípios básicos do Espiritismo (Deus, imortalidade, reencarnação, comunicabilidade entre os espíritos, pluralidade dos mundos habitados), buscando conhecê-los a partir das explicações de Kardec e de exemplos concretos. As Leis Divinas, fundamentais para a compreensão das relações que movem o mundo em que vivemos, vem na seqüência.

Prontos para embarcar nessa proposta?

————————————————–

O INÍCIO

Quando Kardec ouviu falar pela primeira vez das mesas girantes (passatempo baseado em manifestações que atraíram a atenção das pessoas na Europa) respondeu ao seu amigo:

– Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé.¹

Para que possamos entender essa “resistência” de Kardec, temos que voltar no tempo e encontrá-lo ainda menino, estudioso e atento à lição de seu mestre Pestalozzi. Voltando mais ainda, saberemos que Kardec se chamava na verdade Léon-Hippolyte-Denizart Rivail, nasceu em Lião, na França, em 1804, numa família que pode encaminhá-lo para os estudos da ciência e filosofia.

Numa época conhecida como o século das revoluções, num ambiente em que a ciência aparecia e ia ganhando seu espaço contra o misticismo e fanatismo, este menino cresceu. Teve a oportunidade de estudar em Yverdon, com Pestalozzi, importante educador na época e que até hoje é reconhecido como pioneiro na reforma educacional, com seu método pedagógico que parte do mais simples ao mais complexo.

Assim o menino foi crescendo e se destacando, passando muitas vezes a auxiliar seu mestre na função do ensino. Tornou-se educador como ele, foi para Paris lecionar e fazia traduções de obras inglesas e alemãs para o francês.

Com apenas 18 anos escreveu seu primeiro livro (Curso Prático e Teórico de Aritmética)² voltado para propiciar aos estudantes o conhecimento. Esse jovem professor enumerou, neste primeiro trabalho, alguns princípios a serem seguido na educação: Valorizar a observação das crianças; cultivar a inteligência para que o aluno descubra por si mesmo as regras; evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz; só deixar à memória aquilo que a inteligência já conquistou. Produziu outras obras, fundou uma escola, casou-se, continuou lecionando, pesquisando e fazendo projetos para a reforma do ensino francês.

Com este espírito científico e sério, já é possível compreender sua frase quando soube daquela brincadeira européia que atraía nobres aos salões desde 1853: as mesas girantes. Vários grupos de experimentadores se formaram, muitos com o intuito apenas de se divertir. Daquelas primeiras atividades, que poderiam ser atribuídas apenas ao magnetismo, surge a brincadeira de se fazer perguntas às mesas, que passaram a responder através de códigos, como por exemplo duas pancadas para sim, uma pancada para não.

Foi convidado a participar dessas reuniões diversas vezes, não aceitava. Mas em 1855, como foi convidado por pessoas sérias que viam ali mais do que uma mera brincadeira, o professor começa a freqüentar essas reuniões, sem contudo, deixar seu espírito investigador de lado.

Como ele mesmo diz: Foi ali que fiz os meus primeiros estudos sérios sobre espiritismo, não tanto pelas revelações, como pelas observações.³

Na seqüência vamos ver como se deu, então, a codificação espírita; como Kardec, a partir desse encontro com os fenômenos espíritas, organizou as obras básicas.

Referências Bibliográficas

1. AUDI, E. Vida e Obra de Allan Kardec. RJ: Lachâtre, 1999, p.46.

2. WANTUIL, Z. & THIESEN, F. Allan Kardec. RJ: FEB, 1979, p. 85

3. KARDEC, A. Obras Póstumas, SP: LAKE, 1998. p. 217
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Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
mfcgoncalves@uol.com.br
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Publicado em: SinapsesLinks
http://sinapseslinks.blogspot.com/
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Conheça: Janelas da Alma
https://sites.google.com/site/eudisonleal/Home
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Imortalidade

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Imortalidade

Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves

Estudar para conhecer, saber de alguma coisa que existe, está ali, mas não sabemos. Essa deveria ser a nossa meta. Ah, mas há tantas coisas que não sabemos… Será que faz diferença? Pode ser a distância entre o desespero e a felicidade. Kardec ilustra, no capítulo 1 (item 62) da Gênese, essa idéia com uma comparação interessante.

“Parte para destino longínquo um navio carregado de emigrantes. Leva homens de todas as condições, parentes e amigos dos que ficam. Vem-se a saber que esse navio naufragou. Nenhum vestígio resta dele, nenhuma notícia chega sobre a sua sorte.

Acredita-se que todos os passageiros pereceram e o luto penetra em todas as suas famílias. Entretanto, a equipagem inteira, sem faltar um único homem, foi ter a uma ilha desconhecida, abundante e fértil, onde todos passam a viver ditosos, sob um céu clemente. Ninguém, todavia, sabe disso. Ora, um belo dia, outro navio aporta a essa terra e lá encontra sãos e salvos os náufragos. A feliz nova se espalha com a rapidez do relâmpago. Exclamam todos: “Não estão perdidos os nossos amigos! E rendem graças a Deus. Não podem ver-se uns aos outros, mas correspondem-se; permutam demonstrações de afeto e, assim, a alegria substitui a tristeza.”

No caso, acreditar que todos estavam mortos representou a tristeza e o luto de muitos. Sabê-los vivos fez toda a diferença. Saber de algo que não se sabia mudou completamente a vida daquelas pessoas. Mas Kardec foi além com essa analogia, relacionando-a com o conhecimento sobre a vida após a morte:

“Tal a imagem da vida terrena e da vida de além-túmulo, antes e depois da revelação moderna. A última, semelhante ao segundo navio, nos traz a boa nova da sobrevivência dos que nos são caros e a certeza de que a eles nos reuniremos um dia. Deixa de existir a dúvida sobre a sorte deles e a nossa. O desânimo se desfaz diante da esperança.”

A construção da ponte entre a ignorância e o saber é obra de cada um, mas algumas coisas não dependem só de nós, para que possamos saber delas. Outras sim. Dependem de nosso empenho e esforço no estudo e reflexão.

Esse é o caso citado por Kardec, da Revelação Espírita sobre a imortalidade.

Tivemos a bênção da revelação, mas quanto precisamos ainda ler, refletir, analisar, relacionando-a com as idéias científicas já desenvolvidas, pensando com a lógica e a curiosidade sadia, para buscar a compreensão das leis que dão a base para a nossa vida?

Isso se aplica não só às nossas próprias pontes, mas às pontes que podemos ajudar a construir. Educar é, em grande parte, possibilitar que muitas das coisas já descobertas, reveladas, construídas, possam ser apropriadas pelos outros, para que se tornem não só conhecidas, mas vivenciadas. E isso se aplica a todo conhecimento e, claro, também ao da Doutrina Espírita.
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Original: Verdade e Luz, edição nº 265 – Fevereiro de 2008
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Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Fonte:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=340667
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Publicado em:
SinapsesLinks:
http://sinapseslinks.blogspot.com/
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Conheça:
Janelas da Alma:
https://sites.google.com/site/eudisonleal/
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