Exercícios Físicos ajudam a combater a depressão
Pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com cientistas da Fundação Oswaldo Cruz, mostrou que as atividades físicas interferem no humor e no estado mental das pessoas, proposta cultivada por especialistas das áreas envolvidas, como psiquiatras, psicoterapeutas e profissionais da educação física. A comprovação se deu através de exames realizados em diversos pacientes com depressão. Duas vezes por semana, os voluntários caminhavam 4,5 quilômetros por 30 minutos na esteira instalada no Instituto de Psiquiatria, considerando uma atividade moderada sem grandes esforços. O resultado foi positivo.
O diferencial da pesquisa – primeira a tratar razões fisiológicas para implementar exercícios físicos no tratamento terapêutico para a saúde mental – é a forma como a depressão é tratada. Isso porque, normalmente, os estudos eram analisados a partir de sintomas e não de quadros clínicos. “O que a gente queria era ver o efeito do exercício como tratamento da doença. Portanto, era fundamental que avaliássemos pessoas com um quadro de depressão maior.”, explica Andrea Camaz Deslandes, coordenadora do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB) e responsável pelo estudo.
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Fonte:
http://www.olharvital.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=156&codigo=2
Autoria:
Cília Monteiro e Marcello Henrique Corrêa
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Exercícios físicos podem auxiliar no tratamento de depressão. É o que diz um estudo concluído recentemente, realizado por uma equipe interdisciplinar da UFRJ, em parceria com cientistas da Fundação Oswaldo Cruz. O trabalho foi realizado a partir do acompanhamento de idosos atendidos pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB) e rendeu ao grupo de pesquisa o prêmio “Saúde é Vital”, oferecido pela Editora Abril. A pesquisa, coordenada por Andrea Camaz Deslandes, pesquisadora do Instituto, foi escolhida dentre mais de 300 outras publicações participantes.
A idéia de que atividades físicas influenciam o humor e o estado mental das pessoas já era cultivada há um tempo pela maioria dos especialistas das áreas envolvidas, como psiquiatras, psicoterapeutas e profissionais da educação física, mas a pesquisa é pioneira em mostrar razões fisiológicas para incentivar a implantação de exercícios físicos como complemento terapêutico para promover a saúde mental. De acordo com Deslandes, que já havia tido a idéia há mais de três anos, faltava na literatura trabalhos mais objetivos sobre essa relação. “Já existem vários estudos na literatura mostrando que os exercícios poderiam contribuir para algumas alterações no cérebro, mas tudo isso era bem novo. Tentamos então ver o efeito do exercício como tratamento da depressão”, explica.
A depressão a que se refere a professora, no entanto, é que faz o diferencial da pesquisa. Segundo a psiquiatra, que também é formada em Educação Física, esse tipo de relação, quando estudado, era analisado a partir de sintomas de depressão e não de quadros clínicos. “O que a gente queria era ver o efeito do exercício como tratamento da doença, portanto era fundamental que avaliássemos pessoas com o quadro de depressão maior. Fizemos esse recrutamento e esses pacientes que realmente tinham diagnóstico de depressão maior”, conta a pesquisadora.
A pesquisa passo a passo
A vontade de realizar um estudo de peso sobre o assunto já instigava Andrea Deslandes há três anos, antes do começo de seu doutorado. Quando a professora concluiu o curso, percebeu a hora de mergulhar em análises mais profundas. A primeira fase da pesquisa foi o recrutamento de pacientes. Instalada no Instituto de Psiquiatria, a professora teve acesso aos casos clínicos de pacientes com depressão, com mais de 65 anos, critério para participar da pesquisa. Ao final da fase de recrutamento, o grupo havia conseguido reunir 60 idosos. Destes, 30 aceitaram participar das avaliações, mas dez não quiseram participar dos exercícios. O grupo final ficou composto por dez pacientes que realizaram exercícios regulares durante seis meses e dez outros, que permaneceram apenas com o tratamento farmacológico, também continuado para o grupo que se exercitava, por determinação do comitê de ética.
As atividades físicas as quais o grupo foi submetido são consideradas moderadas pela professora. A bateria de exercícios era feita duas vezes por semana no próprio Instituto. “Eles caminhavam por volta de 4,5 km na esteira que foi instalada no Instituto de Psquiatria, por 30 minutos, o que é considerada uma atividade moderada e não representa um esforço muito grande”, explica Andrea.
Depois do período de atividades físicas, era a hora de avaliar os resultados. Antes de começarem o tratamento, os voluntários passaram por exames de eletroencefalografia, que forneceram os dados iniciais da atividade cerebral dos pacientes. Além da melhora nos sintomas da depressão, humor e capacidade funcional, avaliados pelas entrevistas, o estudo se destacou exatamente pela melhora dos dados encefalográficos. “A coisa mais importante para gente foi a resposta da atividade eletroencefalográfica, porque, na literatura mundial, poucos são os estudos feitos com exercícios com pacientes diagnosticados com depressão”, diz a pesquisadora, lembrando que há mais de 400 estudos publicados que avaliam os sintomas da depressão, mas poucos analisam casos clínicos.
Próximos movimentos
Depois dos resultados favoráveis no primeiro momento, o grupo pretende estudar os efeitos de treinamentos de força, que podem ter resultados diferentes do treinamento aeróbico (a caminhada na esteira). A idéia é comparar os efeitos dos dois tipos de treinamento, para propor terapêuticas para outros problemas mentais, como as doenças de Alzheimer e Parkinson. “Vamos começar o recrutamento de pacientes com Alzheimer e observar os efeitos da atividade aeróbia. Num futuro, também pensaremos em propostas para o mal de Parkinson”, informa Andrea Deslandes.
A professora aposta no crescimento da importância do exercício físico no tratamento, diminuindo a necessidade de antidepressivos. Segundo ela, em idosos, essa diminuição seria bem-vinda, já que, nas idades mais avançadas, é comum que o paciente já recorra a remédios para solucionar outros problemas.
Para a doutora, o cenário parece favorável à difusão do conhecimento sobre os benefícios dos exercícios físicos. De acordo com ela, muitos psiquiatras já indicam a atividade física como terapia complementar, assim como a psicoterapia. Entretanto, a falta de conhecimento neurofisiológico das alterações provocadas no cérebro pelos exercícios ainda é a regra.
A expectativa da professora é de que esse conhecimento seja difundido entre a comunidade científica, mas, principalmente entre os pacientes, no caso, os idosos. “Acreditamos que o conhecimento não deva ficar centralizado na Universidade. Fazemos a pesquisa para que a população possa ter esse conhecimento”, comenta. Com isso, Andrea acredita que medidas preventivas possam ser buscadas. Segundo ela, ações desse tipo funcionam melhor e são mais baratas do que tratamentos emergenciais, quando o problema já está instalado.
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Colaboração:
Maria Christina Camargo Leal
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Publicado em:
http://sinapseslinks.blogspot.com/
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