Moteiro Lobato

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Lá vem o saci

Há 90 anos, após inquérito de Monteiro Lobato,
personagem estreou na literatura
por Gabriela Romeu

O saci completa agora 90 anos de nascimento literário pela pena do escritor paulista (Taubaté-SP) Monteiro Lobato (1882-1948), principal responsável por propagar essa figura do imaginário popular nacional. O personagem, cujo nome é uma corruptela de Çaa cy perereg, do tupi-guarani, saltou do universo oral para o mundo das letras após pesquisa realizada por Lobato no começo do século XX.

O livro O sacy-perere – resultado de um inquérito (1918) foi publicado pouco depois de o escritor paulista reunir, para o Estadinho, edição vespertina do jornal O Estado de S. Paulo, muitos dos “causos” sobre o duende relatados por leitores de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e, principalmente, do interior paulista. O futuro criador do Sítio do Picapau Amarelo convocara leitores a compartilhar informações sobre a criatura “genuinamente nacional”.

A obra, que antecedeu até mesmo Urupês, trazia o inquérito sobre o moleque: havia relatos de constantes aparições nas zonas rurais, a informação de que adorava praticar diabruras, como azedar o leite, embaraçar a crina dos cavalos e esconder objetos da casa. Um dos leitores garantiu: “(…) era um negrinho muito magro, muito esperto, de cima de uma perna só, do tamanho de um menino de doze anos, muito feio, banguela, olhos vivos, rindo sempre um riso velhaco de corretor de praça”.

O saci surgiu nas fronteiras do Paraguai, entre os índios guaranis. Mas foram os negros escravizados no país que se apropriaram da figura. E foi então que ganhou feições africanas, gorro vermelho e pito de barro, segundo Mario Cândido, presidente da Sosaci (Sociedade dos Observadores de Saci), associação engajada na missão de não deixar bruxas de Halloween apagarem a imagem do homenzinho perneta no imaginário das crianças brasileiras – hoje, no país, 31 de outubro é dia do saci.
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Fonte:
http://www2.uol.com.br/entrelivros/artigos/la_vem_o_saci.html
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