Compaixão

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COMPAIXÃO

Segundo o que versa o verbete do Dicionário Digital Aulete sobre COMPAIXÃO, temos: Sentimento pesar, pena e simpatia para com o sofrimento de outrem, associado ao desejo de confortá-lo, ajudá-lo etc.; DÓ; PIEDADE.

A compaixão, este sentimento tipicamente humano, tem sido destaque da mídia ultimamente. Quantas não foram as calamidades de toda sorte ocorridas recentemente, nas quais milhares de pessoas mobilizaram-se para auxiliar seus irmãos desafortunados e vítimas de tsunamis, guerras civis, terremotos, enchentes, enfim, diversos eventos provocados pelo homem ou pela natureza e que são exaustivamente veiculados nas emissoras de TV, imprensa escrita, internet… Diante dessa avalanche de informações e de sua reiterada repetição, não é difícil que as pessoas tenham seu íntimo despertado para este sentimento: a compaixão.

Desperta a compaixão em nossos íntimos, passamos então a nos mobilizar para auxiliar nossos irmãos ou pelos menos minimizar seus tormentos. Entidades de ajuda humanitária então demovem grandes esforços, doações são realizadas e levadas a quem necessita. Quantas dores então são amainadas, quantos necessitados enxergam então um norte de esperança…a compaixão! A compaixão que leva à caridade, à solidariedade…
E quanto à compaixão anônima, aquela que podemos praticar nos pequenos gestos do dia-a-dia?

Quantos reparam no irmão bem próximo, familiar, amigo, vizinho, a ponto de perceber uma angústia em seu olhar, uma necessidade de uma palavra de encorajamento ou um gesto de afeto?

Quantos, ao passar por um indigente que esmola uns trocados, permanecem sem se irritar ou se questionar se aquele infeliz é criminoso ou viciado ou o que ele poderá fazer com os trocados que vier a dar? Então, não dá os trocados e isenta sua consciência, justamente por conta da idéia preconceituosa, também isenta de compaixão… Quantos, nesta situação, aproximam-se do irmão de jornada (já que todos somos filhos de uma mesmo Pai estamos neste Planeta em evolução) e lhe pergunta: Tens fome? Posso lhe oferecer algo para comer? Mas é mais fácil pré conceber a situação e nada fazer, apesar de penalizar-se da pessoa…

E nesse último exemplo vemos a diferença ainda entre dó e compaixão: enquanto aquela é estática, esta é dinâmica, leva à ação, ao movimento, ao fazer, ou seja, conduz à caridade em ação.

É justamente o medo de envolver-se com o outro que torna a compaixão difícil de ser praticada, nesta realidade globalizada e, ao mesmo tempo, individualista em que vivemos, que paradoxo!. Remeter donativos às vítimas da fome na África e isentar a consciência é fácil, mas que dizer de estender a mão a quem precisa, envolver-se em seus problemas, ajudar a resolvê-los? Mas não, o problema não é seu, cada um que resolva os que tem, porque nos falta tempo e vemos tais atitudes até entre os irmãos de causa religiosa, em quaisquer denominações.

Será tão difícil exercitar a compaixão e tirarmos a ferrugem da porção de humanidade que temos latente em nossas almas? Seria muito complicado oferecer uma sobra de comida a um animalzinho abandonado que aporta à soleira de sua porta em busca de abrigo e em fuga aos maus tratos? Tão difícil, em seu local de trabalho, deixar de lado a competitividade insana e perguntar ao colega visivelmente abatido: estás bem, precisa conversar? Tão complicado assim dar um abraço em alguém? Isso mesmo, quantas vezes abraçou alguém nesta semana?

A compaixão, como todos nossos propósitos para o bem, exige prática diuturna, pois com o tempo desabrocha como qualidade natural que reside em nós e passa não só ser uma obrigação para com nossos irmãos, mas uma necessidade para nossos espíritos que buscam o caminho da luz e da perfeição relativa. ‘Sede perfeitos, como Vosso Pai é perfeito’, disse nosso querido Mestre.

Avante então irmãos, mãos à obra, deixemos aflorar a compaixão guardada em nós, coloquemo-nos na situação de nossos irmãos, pratiquemos a caridade e, acima de tudo, busquemos agora e, cada vez mais, nos tornarmos mais ‘humanos’.
Um grande abraço e muita paz.
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Autora:
Daniela Marchi
Araçatuba-SP
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