Um comentário sobre “Pessoa Magoada

  1. Olá, Leal!

    Está claro que a informação é bastante útil. E eu gosto de insistir bastante na questão que considero “anterior” ao câncer e anterior à mágoa, à depressão, etc.

    Sentir é um “dom” ou, simplesmente, algo que nos torna animados. Essencialmente, o animal Homem, sente.

    TEXTO CURTO:
    Um humano saudável, se encontra algo que produz infelicidade, TEM de ficar infeliz.

    TEXTO LONGO:
    Há uma longa história que eu não poderei abordar aqui (por ser complexa, muito complexa e também por falta de competência, mesmo) e, por conta disso, peço pelo menos para considerar como uma hipótese: Somos educados ou adaptados para valorizar o que sentimos.

    Como assim? Bem, para além de distinguir os nossos sentimentos, somos também capazes de desejar uns e evitar outros. Queremos amar, ser felizes, gostamos de dar risada e rechaçamos a tristeza, o choro, por exemplo.

    Este hipotético processo é, como sugere o termo, composto de etapas. Acontece que nossa “mania” de otimizar tudo aborta o processo e assimila o resultado, tal como uma sentença. Tentarei explicar melhor:

    Em um primeiro momento, faz sentido querer “ser feliz” mas este desejo é uma “conclusão” de um processo que na vivência vai incorporando sinais, símbolos, códigos e fazendo associações.
    Experimente perguntar para alguém que diz querer ser feliz o porque ela o deseja e o que parecia ser óbvio, não o será.

    E a gente não aprende mais a reparar em como esse processo acontece e sequer sabe se ele ainda acontece ou se estamos transferindo apenas a “ordem” de felicidade como um material, (um valor materializado!) de geração a geração.

    Voltando um pouco, de volta ao tema…

    Evitamos a dor porque ela é “do mal”. Do mesmo modo temos medo do câncer, queremos distância da depressão e todas aquelas “patologias” que sua postagem cita.

    Ora, mas porque? Se somos capazes de sentir e é isso algo natural, porque – ANTES de sentir – já desprezamos alguns sentimentos?

    Um palpite: Patologia vem de pathós. Este “caminho” ou via, meio, em geral é relacionado à convalescença (na área médica), indicando os passos ou etapas que a pessoa ser seguir ou passa para voltar a sanidade.

    Mas há a possibilidade dessa ideia de “caminho” não ser um “caminho existente” mas sim um “caminho a ser feito”.

    Se na nossa mente, aparece uma trilha que “liga” – tomando o caso da medicina – da doença à saúde, há ainda um caminho a ser feito e este caminho é o aprendizado, é a própria vivência.

    Perdoar só é bom se eu sinto, entendo, sei que é bom, que “faz sentido”. Para chegar aí, algumas pessoas PRECISAM de desabafar enquanto outras, no limite, PRECISAM se deprimir.

    A questão não me parece estar na depressão em si, mas neste “software mental”, neste INDIVÍDUO hipercomplexo que por algum motivo passa a construir um pathós segundo o que lhe faz UNO (indivíduo = único).

    Assim, amputar qualquer sentimento é amputar algo “natural”, inerente. A mim, faz sentido aprender, entender (com os “bons” e “maus” momentos) porque talvez isso seja a própria vivência.

    Uma vez descoberto os caminhos, podemos – até que enfim – escolher aqueles que nos levam a “bons” lugares” e evitar os “viciosos”. Claro, sem ter a pretenção/ ingenuidade de considerar que todos os caminhos foram traçados.

    Ninguém ficará deprimido quando não puder mais ficar deprimido; Ninguém mais terá câncer quando não puder mais ter câncer. Mas isto é uma etapa em um processo que não está ao alcance de uma decisão, ainda que tal decisão envolva tempo, desafios, superações, perseverança…

    ===

    Eu ouvi em algum lugar algo mais ou menos assim: “Conhece-se a moral de um povo pela quantidade de leis que elas possuem”.
    Bom, ao invés de obedecer ordens razoáveis, não seria ideal cada pessoa ser justamente – e anteriormente – o que elas ditam?

    Insisto: 1. ainda que pareça natural “querer ser feliz”, isto é uma “ordem”. Se as pessoas soubessem ser felizes, elas não precisariam desejar tal sorte. 2. Seguir a ordem sem ter o “software” para tanto é sujeitar-se a saltar um processo.

    Este comentário toca algo pessoal: Cito um exemplo: Quero continuar indignado, infeliz, sempre que eu vir uma pessoa passando fome. O problema não está no meu sentimento nem na minha imunidade, mas na sociedade da qual eu e a tal pessoa fazemos parte.

  2. Olá, Leal!

    Está claro que a informação é bastante útil. E eu gosto de insistir bastante na questão que considero “anterior” ao câncer e anterior à mágoa, à depressão, etc.

    Sentir é um “dom” ou, simplesmente, algo que nos torna animados. Essencialmente, o animal Homem, sente.

    TEXTO CURTO:
    Um humano saudável, se encontra algo que produz infelicidade, TEM de ficar infeliz.

    TEXTO LONGO:
    Há uma longa história que eu não poderei abordar aqui (por ser complexa, muito complexa e também por falta de competência, mesmo) e, por conta disso, peço pelo menos para considerar como uma hipótese: Somos educados ou adaptados para valorizar o que sentimos.

    Como assim? Bem, para além de distinguir os nossos sentimentos, somos também capazes de desejar uns e evitar outros. Queremos amar, ser felizes, gostamos de dar risada e rechaçamos a tristeza, o choro, por exemplo.

    Este hipotético processo é, como sugere o termo, composto de etapas. Acontece que nossa “mania” de otimizar tudo aborta o processo e assimila o resultado, tal como uma sentença. Tentarei explicar melhor:

    Em um primeiro momento, faz sentido querer “ser feliz” mas este desejo é uma “conclusão” de um processo que na vivência vai incorporando sinais, símbolos, códigos e fazendo associações.
    Experimente perguntar para alguém que diz querer ser feliz o porque ela o deseja e o que parecia ser óbvio, não o será.

    E a gente não aprende mais a reparar em como esse processo acontece e sequer sabe se ele ainda acontece ou se estamos transferindo apenas a “ordem” de felicidade como um material, (um valor materializado!) de geração a geração.

    Voltando um pouco, de volta ao tema…

    Evitamos a dor porque ela é “do mal”. Do mesmo modo temos medo do câncer, queremos distância da depressão e todas aquelas “patologias” que sua postagem cita.

    Ora, mas porque? Se somos capazes de sentir e é isso algo natural, porque – ANTES de sentir – já desprezamos alguns sentimentos?

    Um palpite: Patologia vem de pathós. Este “caminho” ou via, meio, em geral é relacionado à convalescença (na área médica), indicando os passos ou etapas que a pessoa ser seguir ou passa para voltar a sanidade.

    Mas há a possibilidade dessa ideia de “caminho” não ser um “caminho existente” mas sim um “caminho a ser feito”.

    Se na nossa mente, aparece uma trilha que “liga” – tomando o caso da medicina – da doença à saúde, há ainda um caminho a ser feito e este caminho é o aprendizado, é a própria vivência.

    Perdoar só é bom se eu sinto, entendo, sei que é bom, que “faz sentido”. Para chegar aí, algumas pessoas PRECISAM de desabafar enquanto outras, no limite, PRECISAM se deprimir.

    A questão não me parece estar na depressão em si, mas neste “software mental”, neste INDIVÍDUO hipercomplexo que por algum motivo passa a construir um pathós segundo o que lhe faz UNO (indivíduo = único).

    Assim, amputar qualquer sentimento é amputar algo “natural”, inerente. A mim, faz sentido aprender, entender (com os “bons” e “maus” momentos) porque talvez isso seja a própria vivência.

    Uma vez descoberto os caminhos, podemos – até que enfim – escolher aqueles que nos levam a “bons” lugares” e evitar os “viciosos”. Claro, sem ter a pretenção/ ingenuidade de considerar que todos os caminhos foram traçados.

    Ninguém ficará deprimido quando não puder mais ficar deprimido; Ninguém mais terá câncer quando não puder mais ter câncer. Mas isto é uma etapa em um processo que não está ao alcance de uma decisão, ainda que tal decisão envolva tempo, desafios, superações, perseverança…

    ===

    Eu ouvi em algum lugar algo mais ou menos assim: “Conhece-se a moral de um povo pela quantidade de leis que elas possuem”.
    Bom, ao invés de obedecer ordens razoáveis, não seria ideal cada pessoa ser justamente – e anteriormente – o que elas ditam?

    Insisto: 1. ainda que pareça natural “querer ser feliz”, isto é uma “ordem”. Se as pessoas soubessem ser felizes, elas não precisariam desejar tal sorte. 2. Seguir a ordem sem ter o “software” para tanto é sujeitar-se a saltar um processo.

    Este comentário toca algo pessoal: Cito um exemplo: Quero continuar indignado, infeliz, sempre que eu vir uma pessoa passando fome. O problema não está no meu sentimento nem na minha imunidade, mas na sociedade da qual eu e a tal pessoa fazemos parte.

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