Criacionismo e evolucionismo são duas verdades possíveis
Cristãos que não aceitam a realidade do evolucionismo pregam a criação bíblica do mundo. quando esses seis dias são períodos de milhões de anos.
A teoria evolucionista já era defendida pelo filósofo grego Anaximandro, no século VI a. C., que imaginou que o princípio de tudo era o infinito. Seria sua ideia de Deus? O certo é que infinito designa o que é indeterminado. E o biólogo francês Chevalier Lamarck, que morreu em 1829, concebeu também a evolução orgânica, antes apenas a geológica era aceita. Ele defendeu igualmente a polêmica teoria da geração espontânea e a do transformismo.
Erasmo Darwin, médico inglês, poeta, avô de Charles Darwin, e autor do poema “O Jardim Botânico”, já havia levantado também a ideia da evolução biológica. Mas coube a Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, um dos criadores da geografia zoológica, ficar consagrados como sendo os verdadeiros criadores da teoria evolucionista. Wallace não tinha nenhum contato com Darwin. Mas havia uma semelhança tão grande entre uns seus trabalhos literário-científicos e a obra de Darwin “A Origem das Espécies” (1859), que houve até um entendimento entre os dois, quando da publicação dessa obra de Darwin.
Darwin não era ateu. Em “A Descendência do Homem” (1871), ele tem uma certa tendência agnóstica. Mas ele sempre creu em Deus. É dele esta frase: “Por maiores que tenham sido as crises por que passei, nunca desci até ao ateísmo, nunca cheguei a negar a existência de Deus” (Eliseu F. da Mota Jr, “Que é Deus?”, página 107, Ed. O Clarim, Matão, SP, citando a revista “Globo Ciência”). E, quanto a Wallace, ele foi um dos grandes escritores da área científica espírita. A fama de os evolucionistas serem ateus se deve à adesão ao evolucionismo de outros cientistas materialistas, dentre eles T. H. Huxley, criador da palavra “agnóstico” (revista “Ultimato”, nº 317, pág. 48).
As teorias criacionista e evolucionista ganharão a polêmica, pois são consentâneas com a ciência e a filosofia espiritualistas. O padre católico, antropólogo e arqueólogo Pierre Teilhard de Chardin aceitava ambas. O espiritismo é também criacionista e evolucionista. A finalidade da reencarnação é justamente a evolução do espírito. Aliás, se trata da religião mais espiritualista que existe, pois lida diretamente com os espíritos. Também a Igreja Católica e várias outras igrejas cristãs e demais religiões existentes no mundo são criacionistas e evolucionistas. O Vaticano não se desculpa com Darwin, pois nunca o condenou formalmente, afirma o padre Juarez de Castro (www.padrejuarez.com.br), secretário de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, citado pelo padre Gladstone Elias de Souza (pág. 7 do “Jornal de Opinião” de 19 a 25.1.2009, da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Discordamos de santo Agostinho, que ensinou que Deus criou o mundo do nada (“ex nihilo”), pois cremos que Deus o engendrou do Todo, que é Ele! Mas concordamos com esse grande sábio santo católico, quando ele afirma que a criação foi em estado potencial ou de semente, que vai se atualizando com o decorrer dos tempos.
Existem cristãos que ainda não aceitam a realidade do evolucionismo, e que pregam a criação bíblica literal do mundo, em seis dias de 24 horas, quando esses dias são períodos consecutivos de milhões de anos cada um. E eles creem também que Deus descansou mesmo no sétimo dia, quando Deus é incansável, e quando essa afirmação é só para nos ensinar que nós, sim, temos que descansar.
Esses cristãos – não o cristianismo – estão atrasados, mas eles ainda têm um tempo sempiterno para evoluir e conhecer a verdade que liberta!
José Reis Chaves
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Fonte:
http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdEdicao=1277&IdColunaEdicao=8395
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