Árvores

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O cristão verdadeiro é o que respeita o pensamento do outro

Nós somos como nem as plantas. O Nazareno nos comparou com as árvores, ensinando que elas são conhecidas pelos seus frutos, que, se forem bons, elas são também boas, e vice-versa.

E quem tem consciência de alteridade ou respeito ao pensamento do outro, iguala-se a uma boa árvore. Isso vale também para sabermos se um espírito (alma) é bom ou não (1 João 4,1). Se suas palavras e atitudes através do médium (profeta) estiverem em sintonia com o ensino do Mestre dos mestres, esse espírito é bom, caso contrário, ele não é de Deus. Ainda é impuro ou inda não purificado. Esse espírito não traz, pois, luz. Ele precisa da luz da evangelização e de preces.

O Jornal O TEMPO é um bom exemplo de respeito ao pensamento do outro, pois nele todos os colunistas, cronistas e leitores manifestam livremente a sua opinião. No Fórum dos leitores, por exemplo, os comentários são muito variados. Sobre as ideologias políticas, apesar do fim do marxismo, uns defendem a esquerda. Outros exaltam o capitalismo, não obstante os seus erros a serem ainda corrigidos. Torcedores do Atlético, Cruzeiro e América falam o que querem sobre seus times. Católicos, evangélicos e espíritas, todos defendem suas doutrinas. O Fórum é, pois, como uma colcha de retalhos, formando um painel de opiniões diversas. Até os ateus nele se manifestam. E assim, colunistas, cronistas, articulistas e os próprios leitores manifestantes são elogiados e criticados. O jornal O TEMPO está, pois, de parabéns. Realmente, politicamente falando, podemos dizer que esse importante diário da imprensa de Minas é mesmo democrático em toda a acepção da palavra. E essa sua filosofia está em perfeita consonância com a liberdade de pensamento que Deus nos deu, pois não foi à toa que Ele nos criou com livre-arbítrio.

Religião mexe com todo mundo. Por exemplo, nesta coluna, eu estou, como se diz, entre um fogo cruzado, pois nela externo minhas ideias espiritualistas com as quais mais me identifico. Assim, automaticamente, agrado a uns e desagrado a outros. Mas quem seria capaz de agradar a todos, se em cada cabeça há uma sentença? Mesmo em casos sérios que envolvem o destino das pessoas, como nas sentenças de um juiz, num corpo de jurados ou dos ministros do Supremo Tribunal Federal, há opiniões divergentes. Nem Jesus, o ser humano mais perfeito que existe, foi capaz de satisfazer a todos. Daí que os sacerdotes judeus tramaram a sua morte por crucificação.

Assim como as árvores, que, apesar de suas características diferentes, convivem uma ao lado da outra, mesmo que as suas vizinhas sejam plantas daninhas, temos que saber conviver também uns com os outros, tolerando as diferenças de cada um. O apóstolo dos gentios disse que não nos devemos considerar melhores do que os outros. É que as nossas diferenças são inevitáveis. E ele ensinou que as divisões (heresias) são mesmo necessárias (1Coríntios 11,19). Também o Nazareno, sabendo que as nossas ideias são subjetivas e heterogêneas, quando não antagônicas, pontificou que não condenemos ninguém e que amemos os nossos semelhantes, como Ele nos amou, isto é, de modo incondicional, pois temos que amar até os nossos inimigos.

Implantemos o reino de Deus na Terra, de um só rebanho e um só pastor, formando todos nós uns com os outros, com Jesus e com Deus uma união, como nem as árvores, que, apesar de suas diferenças, elas convivem harmoniosamente umas com as outras, lado a lado, em união, sem a qual não existiriam as florestas!

José Reis Chaves
Teósofo e biblista
jreischaves@gmail.com
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Fonte:
http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdEdicao=1291&IdColunaEdicao=8507
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Criacionismo e evolucionismo

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Criacionismo e evolucionismo são duas verdades possíveis

Cristãos que não aceitam a realidade do evolucionismo pregam a criação bíblica do mundo. quando esses seis dias são períodos de milhões de anos.

A teoria evolucionista já era defendida pelo filósofo grego Anaximandro, no século VI a. C., que imaginou que o princípio de tudo era o infinito. Seria sua ideia de Deus? O certo é que infinito designa o que é indeterminado. E o biólogo francês Chevalier Lamarck, que morreu em 1829, concebeu também a evolução orgânica, antes apenas a geológica era aceita. Ele defendeu igualmente a polêmica teoria da geração espontânea e a do transformismo.

Erasmo Darwin, médico inglês, poeta, avô de Charles Darwin, e autor do poema “O Jardim Botânico”, já havia levantado também a ideia da evolução biológica. Mas coube a Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, um dos criadores da geografia zoológica, ficar consagrados como sendo os verdadeiros criadores da teoria evolucionista. Wallace não tinha nenhum contato com Darwin. Mas havia uma semelhança tão grande entre uns seus trabalhos literário-científicos e a obra de Darwin “A Origem das Espécies” (1859), que houve até um entendimento entre os dois, quando da publicação dessa obra de Darwin.

Darwin não era ateu. Em “A Descendência do Homem” (1871), ele tem uma certa tendência agnóstica. Mas ele sempre creu em Deus. É dele esta frase: “Por maiores que tenham sido as crises por que passei, nunca desci até ao ateísmo, nunca cheguei a negar a existência de Deus” (Eliseu F. da Mota Jr, “Que é Deus?”, página 107, Ed. O Clarim, Matão, SP, citando a revista “Globo Ciência”). E, quanto a Wallace, ele foi um dos grandes escritores da área científica espírita. A fama de os evolucionistas serem ateus se deve à adesão ao evolucionismo de outros cientistas materialistas, dentre eles T. H. Huxley, criador da palavra “agnóstico” (revista “Ultimato”, nº 317, pág. 48).

As teorias criacionista e evolucionista ganharão a polêmica, pois são consentâneas com a ciência e a filosofia espiritualistas. O padre católico, antropólogo e arqueólogo Pierre Teilhard de Chardin aceitava ambas. O espiritismo é também criacionista e evolucionista. A finalidade da reencarnação é justamente a evolução do espírito. Aliás, se trata da religião mais espiritualista que existe, pois lida diretamente com os espíritos. Também a Igreja Católica e várias outras igrejas cristãs e demais religiões existentes no mundo são criacionistas e evolucionistas. O Vaticano não se desculpa com Darwin, pois nunca o condenou formalmente, afirma o padre Juarez de Castro (www.padrejuarez.com.br), secretário de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, citado pelo padre Gladstone Elias de Souza (pág. 7 do “Jornal de Opinião” de 19 a 25.1.2009, da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Discordamos de santo Agostinho, que ensinou que Deus criou o mundo do nada (“ex nihilo”), pois cremos que Deus o engendrou do Todo, que é Ele! Mas concordamos com esse grande sábio santo católico, quando ele afirma que a criação foi em estado potencial ou de semente, que vai se atualizando com o decorrer dos tempos.

Existem cristãos que ainda não aceitam a realidade do evolucionismo, e que pregam a criação bíblica literal do mundo, em seis dias de 24 horas, quando esses dias são períodos consecutivos de milhões de anos cada um. E eles creem também que Deus descansou mesmo no sétimo dia, quando Deus é incansável, e quando essa afirmação é só para nos ensinar que nós, sim, temos que descansar.

Esses cristãos – não o cristianismo – estão atrasados, mas eles ainda têm um tempo sempiterno para evoluir e conhecer a verdade que liberta!

José Reis Chaves
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Fonte:
http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdEdicao=1277&IdColunaEdicao=8395
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