Drogas

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Por que Universitários se Drogam?

Palavra do Chanceler
Reverendo Doutor Augustus Nicodemus Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Transcrito da Revista Mackenzie
Ano XI – número 45

O consumo de álcool e o uso de drogas pelos estudantes é um dos maiores pesadelos das universidades, especialmente daquelas que levam a sério o seu caráter confessional – apesar de que o problema não tem apenas um viés religioso.

As drogas – inclusive o álcool trazem grandes problemas para todos. Da perspectiva do aluno e da instituição. o primeiro problema que surge éo desempenho acadêmico que cai e os relacionamentos que se deterioram, tanto entre os colegas como com os professores. Por detrás de uma parte do fraco desempenho acadêmico estão o álcool e as drogas. Isto tudo vem acompanhado de brigas, confusões e desentendimentos, dentro e fora da sala de aula.

Este comportamento é seguido, ou fomentado, pelo comércio de bebidas no entorno das universidades, que por vezes não só servem para a venda de álcool, mas também para abrigo de traficantes e pontos de venda de drogas. O que poderia ser um problema somente interno torna-se, agora, um problema de segurança externa, pois com as drogas segue-se a criminalidade. A terceira consequência, então, é a própria imagem das universidades, que passam a ser mal vistas por conta da venda de bebidas e drogas em seu entorno e pelas festas em que alunos em coma alcoólico são levados de urgência a hospitais da região. Estes arranhões na imagem das universidades acontecem ainda que tais festas e a venda de drogas ocorram fora de seus campi e, portanto, fora de seu controle. As causas sociológicas que levam jovens universitários ao uso das mais diversas drogas são várias e complexas. Creio que começam com um pressuposto filosófico comum à nossa cultura pós-moderna, que é o hedonismo como resposta ao vazio da alma. Tudo isto está relacionado com os problemas familiares, desejo de aceitação nas “tribos urbanas” e o vazio existencial da nossa juventude. Boa parte destas explicações tende a transformar os estudantes alcoólicos e drogados em vítimas ou em pessoas doentes. Não se pode, todavia, esquecer da responsabilidade pessoal de cada um deles pelas escolhas que fizeram. Esquecer isto é cair na tendência de autovitimização da nossa sociedade.

O assunto é tão complexo que soluções minimalistas e simplistas não ajudarão. Ao que parece, campanhas de prevenção tocam apenas na superfície do problema. A repressão policial nos bares e pontos, ainda que acontecesse, não convenceria os estudantes. É preciso admitir que somente a pregação religiosa da necessidade de arrependimento e conversão a Cristo também não atenderia à complexidade da situação. Existem aspectos estruturais e sociais do assunto que precisam da intervenção de outros braços, além do religioso.

Todavia, uma solução que integrasse estas abordagens pOderia ter alguns resultados positivos. É certo que campanhas bem instruídas, que procurassem conscientizar os estudantes de que os principais prejudicados com o uso de drogas e álcool são eles mesmos, suas carreiras, seus relacionamentos e suas (futuras) famílias, seriam um passo importante. Ao lado das campanhas, a cooperação das autoridades na repressão ao tráfico no entorno das universidades, responsabilizando estes alunos civilmente, poderia abrir os olhos de vários quanto ao tipo de consequências que suas ações trazem. Poucos estudantes estão conscientes de que se forem fichados na pOlícia poderão ser impedidos de participar de concursos públicos no futuro. A seguir, a expulsão das universidades de traficantes que se matricularam como alunos, quando devidamente identificados e processados. Junto com estas atividades, o atendimento psicológico aos que desejarem ajuda para se livrar do vício e quem sabe até encarRinhamento para instituições de recuperação de drogados e alcoólatras. E por fim, mas não menos importante, assistência espiritual aos estudantes e à família, pois, afinal, uma das causas – se não a mais fundamental de todas – para que uma pessoa se alcoolize e se drogue é a insatisfação interior consigo mesma, um vazio existencial e conflitos internos não resolvidos, um fardo de culpa na consciência e coisas assim, que podem ser atendidos quando se tem um relacionamento significativo e profundo com Deus, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo. Uma transformação interna ocasionada pela Palavra de Deus trará verdadeira libertação das cadeias existenciais, incluindo a escravidão às drogas.

Quem sabe em 2010 consigamos uma ação mais eficaz no combate ao consumo excessivo de álcool e ao consumo de drogas no entorno do Mackenzie.
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Transcrição:
Eudison de Paula Leal
eudisonleal@gmail.com
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Publicado em: Sinapseslinks
http://sinapseslinks.blogspot.com/
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